terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A cacofonia dos sotaques diferentes faz crescer







Escrever um blog é um ato solitário. É um compromisso firmado entre o autor e a escrita. Nesse blog que é o diletantismo de uma teimosia, esse compromisso só aumenta. Para piorar, estamos em dezembro e o dia está chuvoso. “Cariocas não gostam de dias nublados”. Isso aumenta minha melancolia. 

Ontem foi dia de “meio expediente” no blog. Foi o seguinte: me arrependi do que postei. Agradeço aos meus amigos Isidoro Kutno e Flavio Loureiro por me alertarem sobre um erro de avaliação que eu poderia estar cometendo. Agradeço ao meu amigo Eduardo Compan por ter dado o argumento definitivo sobre uma dúvida que me atormentava. No momento que minha teimosia caminhava numa direção, Compan me deu motivo exato para que eu recuasse. 

Vou reformular a hipótese do primeiro parágrafo. Escrever pode até ser um ato solitário, mas se você chamar amigos a participar da aventura, essa solidão pode diminuir. Sempre fui um ser gregário, odeio voo solo, prefiro asas quase tocando asas. Sou mais a cacofonia dos sotaques diferentes. Simplesmente, acho essa forma mais legal para levar a lida. Apesar de toda essa ode à coletividade, não há divisão de responsabilidades nos erros cometidos por esse escriba. Nessa folha em branco virtual os erros são todos do autor. 

Dito isso, peço perdão aos que receberam o link do post desta segunda-feira e não conseguiram abrir. Eu retirei o texto do ar. 

Avançando mais um pouco no combate à solidão, pensei numa das missões da minha vida. Tenho filhos adolescentes, acho que a maior dificuldade na luta diária da educação é fazê-los entender que coletivamente se vai mais longe. É difícil ensinar que andar em bando é melhor. Nossos tempos impõem uma customização intensa, em que cada um cria a própria playlist, em que os olhos são capazes de desbloquear com uma piscadela as funções do celular.

Prestando atenção no coletivo é que nos faz ir à posição do outro. Nos colocando na posição do outro, passamos a respeitá-lo. Amigos, não é fácil ter um blog, assim como não é fácil dirigir um ônibus e ser trocador ao mesmo tempo; É difícil ser físico nuclear...  Acho que a precarização das profissões se deve por sempre supervalorizamos nosso trabalho e menosprezarmos o do outro. 

Não é fácil fazer o que eu faço. A questão é que o costume e a rotina vão deixando o trabalho mais rápido, mas nunca deixa de ser doloroso. Um olhar leviano pode confundir minha rapidez com facilidade. 

Pior que a arrogância é a falsa modéstia. É aquela história de dar voz às pessoas e no final fazer o que quer. Ontem, quando tive dúvidas sobre o que fazer no texto que publicara, ouvi opiniões porque estava em dúvida. E não usei de falsa modéstia. Ouvi ponderações de pessoas que queriam me ajudar e fui convencido da decisão a tomar. 

Preciso confessar uma coisa: é libertador ter dúvidas.  Esbarrar em incertezas depois de 20 anos de profissão também. O erro nos faz humanos. O erro ensina. A arrogância é solitária. 

Então, não quero fazer um blog arrogante. Quero abrir minha alma. Escrever cartas para amigos vivos ou mortos. Falar de amor à minha mulher e aos meus filhos. E contar histórias que não magoem ninguém. 

Envelhecer deixa os passos mais lentos. No entanto, tem que servir para alguma coisa. No meu caso, ensinou que o recuo não é pecado. É apenas um jeito melhor de ver a estrada para seguir caminhando. No mais, o primeiro parágrafo está meio pernóstico e palavroso, mas não consigo pensar em nada melhor para expressar o que estou sentindo. A opção seria escrever palavrões.
I

 Abraços e até amanhã.

Um comentário:

  1. "Vivendo e aprendendo a jogar (...)
    Nem sempre ganhando
    Nem sempre perdendo
    Mas, aprendendo a jogar"

    É o que se leva, só aprende a jogar quem joga. Quem pensa que não precisa aprender, este sim, perde feio!❤

    ResponderExcluir