segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Dia de abrir presentes. O meu foi de 30 mil








Esse texto é uma celebração. No dia 30 de setembro me dei de presente este blog. Estava atordoado com a saída da Rádio Globo. O blog e a tentativa de passar no mestrado preencheram o espaço que o fim de minha relação com a emissora tinha deixado. 

Ao sentir o termômetro dos números no primeiro mês, estipulei como meta chegar a 30 mil visualizações no blog em 31 de dezembro. Achei que era possível. Ok, uma meta ambiciosa, um tiquinho ousada, mas  fui em frente. 

Entendi que a frequência e a constância seriam elementos fundamentais no caminho. Desde o lançamento da página publiquei todos os dias. O texto de hoje é o 87º. Lá pelo sétimo, minha amiga Carla Rodrigues (um selo de qualidade) me parabenizou pela disposição. Ela me disse que essa seria uma forma de melhorar minha escrita. A objetividade radiofônica me causou uma atrofia para textos longos. 

Meu amigo Alexandre Carneiro, diretamente dos EUA, perguntou como faço quando a inspiração não vem. Bem, a solução é escrever sobre a falta de inspiração. 

A querida Angela Rego Monteiro (outro selo de qualidade) faz sempre questão de deixar algum comentário generoso, massageando as pretensões do escriba, muito mais eficiente aos olhos dela do que na letra crua da realidade. 

Minha mulher vive insistindo para que eu faça um banco de ideias. Ela é virginiana e organizada. Eu sou geminiano... Nossa! Como ela é paciente. Ana Cláudia brinca que eu sou capaz de mudar de ideia no meio da frase. 

Nessa aventura de escrever todo dia, constato que as palavras decidem para onde vão. Acho que um pouco pelo que minha mulher me diz, tomo decisões no meio de um passo. Esse estilo pode remeter à foto clássica do presidente Jânio Quadros, em que há uma total desarmonia entre os pés, as pernas e o tronco. Cada elemento tragicamente querendo ir para um lugar. Deu no que deu. 

Numa homenagem ao ex-presidente (talvez a única que ele mereça), a concepção deste texto se deu entre as consequências físicas da mistura insensata de uísque, espumante, cerveja e Coca-Cola (só para rebater). 

Trinta mil visualizações atrás eu achava que seria difícil o encontro com as palavras e o casamento das ideias. Não mudei de opinião, aliás, vi que é muito mais complicado do que levianamente supunha. Encaro cada texto publicado como vitória. 

Descobri que é muito mais legal escrever aqui do que fazer textão no Facebook. Como já expliquei em algum post, a ideia do blog nasceu da reclamação de uma aluna sobre meus textões na rede social. A Giovanna Rebello, de um jeito debochado, me sugeriu que criasse um blog e três dias depois, comecei a brincadeira. 

Ter este espaço desnuda o que há de melhor e o que há de pior em mim. A auto imposta frequência diária provoca apostas de risco a todo instante. 

Há lugares da mente mais confortáveis de visitar, no entanto há uma área esmaecida, que quando a gente coloca luz, fica inevitável chorar. 

E quando a gente chora escrevendo, sobe no trapézio sem rede embaixo. Tem que zelar para que o emocional não soe piegas e cuidar para que as frases não fiquem desaconselháveis para quem tem diabetes. Isso sem falar na revisão. Meu Deus, que sufoco!

“Então, se é difícil assim, não fique de mimimi e abandone o blog”, diria o entediado leitor que suspeita de excesso de drama nos parágrafos anteriores. A esses objetivos e impacientes, explico que escrever já me transportou aos braços do meu pai e ao colo da minha mãe. Fez, por exemplo, com que eu imaginasse cenários anteriores ao meu tempo na terra.

Esse blog é a união de diversos tipos de generosidade. Meu professor para além da sala de aula, Mauro Silveira, me disse sobre um texto: “estava bonito como sempre”. Generosidade de mestre. Meus talentosos amigos Glauco Paiva e Eduardo Compan também elogiam algo que encontram neste espaço. Generosidade do talento. Carolina Morand e Simone Lamim dizem que se emocionam. Generosidade dos sensíveis. Alexandre Caroli e Bruno Paixão me chamam atenção para os erros de revisão. Generosidade dos práticos. 

Como disse lá em cima, este texto é uma celebração. É o percurso em busca de uma beleza inatingível. É um caminho solitário entre a folha digital em branco e um tiroteio de ideias. Passo a passo, vou debochando dos perigos. Buscando na vulgaridade dos fatos algo que possa soar universal. Um texto insensato como a vida de um impostor que se pretende cronista. E para piorar, com uma ressaca descomunal. 

Obrigado pela paciência. Obrigado pelo privilégio da leitura. 

Bom renascimento a todos! 




2 comentários:

  1. Antes de mais nada Boas Festas e 2018 de grandes realizações! Parabéns pelo blog. Meu compadre você vai longe!

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  2. A leitura do seu blog é obrigatória. Meus parabéns! Ele é um sucesso.

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