sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Eu e a CBN parte I



                                           Alexandre Caroli, eu, Luciano Garrido e Marcia Martins na redação da CBN






Reunião de pauta na Rua do Russel. Marco Antônio Monteiro, Mauro Silveira, Alexandre Caroli e Luciano Garrido comandavam o encontro. Dali a dois dias o sistema Telebrás seria vendido. 

A gente estava na sala da apuração do jornalismo da Rádio CBN. Do meu lado Lise Chiara, Luiza  Xavier, Silvana Maciel, Andrea Ferreira, Sérgio de Castro, Ermelinda Rita e Ricardo Ferreira. Era uma Seleção e eu ali, intruso no meio deles. 

Julho de 1998. Depois de dois períodos cobrindo férias, fui contratado. Sabe aquela sensação de sonho se realizando?  Era o que eu sentia naquela reunião. Eu era o Aquaman naquela Liga da Justiça, mas já me sentia um super herói.  A reunião era para discutir onde ficaríamos durante o leilão. Eu era o “calouro” da galera. Iria ficar do lado de fora da Bolsa de Valores. 

Os “cascudos” entrariam no prédio. Eu ficaria cobrindo as manifestações contrárias à venda. Para minha sorte, com alguém mais experiente, a Lise Chiara.

Chegou o grande dia. Era 29 de julho. Eu dormira muito pouco, estava ansioso com a cobertura. Fiquei com a Lise do lado de fora. Combinamos uma entrada conjunta no ar. Quando eu estava escrevendo meu flash, a Lise foi direta: “Creso, não escreva, você não vai conseguir escrever uma linha hoje”. Não menospreze a experiência, eu não consegui escrever nenhum texto naquele dia. Tive que improvisar em todas as entradas. Foi uma prova de fogo, a primeira de muitas. 

Tinha assinado o contrato no dia 25 e no dia 29 eu entrei chorando no ar. Não foi de emoção, foi por menosprezar a experiência... O Luciano Garrido havia aconselhado que eu levasse um lenço molhado e, em caso de gás lacrimogêneo, não colocasse as mãos nos olhos de forma alguma. Hahaha, não levei o lenço e a primeira coisa que eu fiz quando o bicho pegou foi colocar os dedos no olhos...

Para que essa leitura não induza vocês a uma ideia que a vida deste repórter foi só de pautas interessantes, fiz a alta da Sacha na clínica São Vicente, na Gávea. As entradas tinham um desafio extra. Falar Sacha e Xuxa na mesma frase sem enrolar a língua...

Com seis meses de emissora, fui cobrir o carnaval. Eu que nunca tinha visto um desfile inteiro, fiquei a noite toda na Marquês de Sapucaí.  Desse primeiro carnaval, guardo uma lição. Fui entrevistar a Tais Araujo. Ela estava fantasiada de Xica da Silva. Eu comecei a entrevista com ela falando: “Tais, você está irreconhecível, como foi a emoção de desfilar?” Solícita, a atriz me respondeu. Ao devolver à cabine, o âncora Amaury Santos me perguntou: “por que a Tais está irreconhecível?” Só assim me manquei e descrevi a fantasia dela.

Outra passagem marcante aconteceu em 2001. Dia 25 de março, um domingo, eu estava de plantão. Minha mãe passou mal e foi para o hospital. Estavam comigo Carolina Morand e Adriana França. Depois de idas e vindas por causa do plano de saúde, minha mãe foi parar num hospital distante uns 30 km de nossa casa. Ela não resistiu. Eu soube pelo telefone da morte da minha mãe. Carol e Adriana me confortaram nesse que foi um dos dias que a barra mais pesou na minha vida. 

Daquele prédio na Rua do Russel, saí correndo quando minha mulher entrou em trabalho de parto do nosso primeiro filho. Também já tive que voltar correndo para lá quando, por exemplo, o Papa João Paulo II morreu. 


Na CBN casei, virei pai, andei de helicóptero, me diverti e me frustrei. Na emissora consegui repertório para minha outra profissão: ser professor. Dar aula é algo que me renova. As aventuras vividas como repórter, repórter aéreo, produtor, redator, chefe de reportagem e âncora eventual me enchem de orgulho. Essas múltiplas funções me fizeram ficar em estado permanente de aprendizado. E estar em sala de aula é tanto aprender quanto ensinar.

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