sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Bebeto, mais uma pipocada (não é sobre futebol, infelizmente)







O ano era 1994. O Deportivo La Coruña liderou boa parte do campeonato. O time investiu pesado para ter um time competitivo na Liga Espanhola. Barcelona e Real Madrid dominavam o cenário espanhol, mas naquela temporada o time da Galícia surpreendeu. Contratou o craque Bebeto, que já havia disputado a copa de 1990 e era presença certa no time de Parreira para o mundial nos Estados Unidos.

O time tinha ainda Mauro Silva e Donato. Na última rodada bastava ao Deportivo vencer seu jogo contra o Valência. Seria o primeiro título da história do time fundado em 1906. Bebeto era p grande ídolo da equipe. Aos 44 minutos do segundo tempo o juiz marca pênalti para o La Coruña. Final perfeito, a consagração eterna para o atacante.

No entanto, Bebeto se recusou a bater a penalidade. Resultado, o zagueiro Djukic não fugiu da responsabilidade e foi para a marca do pênalti perdeu e o La Coruña acabou vice-campeão. O episódio foi uma pipocada histórica do jogador brasileiro.

Brasil e Itália, final da Copa do Mundo. A disputa vai para os pênaltis. Após 8 cobranças, o Brasil vencia  por 3 a 2. Baggio bateu, mandou a bola numa ponte aérea Los Angeles – Roma . O resto é história (É tetra! É tetra!). Além de feliz, tinha alguém que estava aliviado. Bebeto estava escalado para bater o último pênalti, imagina se o Baggio converte...

Bebeto, um craque como poucos nos últimos 30 anos no futebol brasileiro, teve mais um pênalti para bater. Dessa vez não era no campo de futebol, era no plenário da Alerj. No entanto o que fez o deputado Bebeto? Não bateu, aliás, faltou a sessão. Nobre deputado, não votei no senhor. Já vibrei muito com suas jogadas, mas nunca confiei em suas propostas políticas.  No entanto, o senhor foi eleito para representar os interesses do povo, se omitir me faz lembrar de quando o senhor era chamado de “Chorão” em campo. Sua ausência diz muito sobre sua postura.

Vou lembrar uma coisa que talvez o nobre deputado não lembre. Em 1984, quando vossa excelência era chamada de você e começava a despontar no time profissional do Flamengo, houve um fato político chamado campanha pelas diretas. Um deputado do “baixo clero” chamado Dante de Oliveira propôs na Câmara dos Deputados uma emenda propondo eleições diretas para presidência. Mesmo envolvido na dura rotina de um atleta em início de carreira é provável que o senhor tenha se deixado levar pelo fervor da população no evento.

No dia da votação foi montado um cerco em Brasília para impedir manifestações (Ih, fizeram um cerco na Alerj na sexta-feira da vergonha. Santa Coincidência Batman!). Uma das estratégias dos aliados do governo foi promover uma abstenção. Foi simples, quem não qui se queimar em votar contra faltou a sessão. Foram 113 ausências naquele dia de ressaca para a vida política nacional.

Bebeto, gostaria de dizer que você parece ter uma sina com o dia 17. Se em 17 de julho de 1994 você conquistava a Copa do Mundo, e participou deum dia de glória para o povo brasileiro, sua ausência num dia 17, só que de novembro, de 20...17 marca sua participação num dos dias mais tristes da história do estado do Rio de Janeiro.

Da mesma forma que você bateu a Itália naquela final, mesmo sem ter batido um pênalti, você está no rol dos traidores do povo ao se omitir num momento tão importante.  Bebeto, você pipocou novamente. Não foi no estádio Riazor, na Galícia, mas foi no palácio Tiradentes, sede do poder legislativo fluminense.

Não adiantou não comparecer, você é um dos integrantes do golpe que o povo levou na sexta-feira, dia 17 de novembro. Quanto à votação, se confirmou a lógica que a gente aprende nos filmes, nos livros e nas séries: não há indivíduo mais solidário do que o mafioso.

Não vamos nos esquecer de nobres deputados como Cidinha Campos, André Correa, Paulo Ramos, Pedro Augusto, André Lazaroni, Marcos Abrahão e os outros cúmplices de Picciani, Melo e Albertassi. Isso mesmo, vocês foram cúmplices. Vocês comprometeram o que restava de credibilidade no legislativo, tiveram a chance de reverter o jogo e mostrar que defendem a vontade do povo, mas mostraram quem é o Deus de sua adoração. Perder a fé no legislativo é perigoso, faz com que campeiem por mentes perversas que essa instância não é necessária.  

E no dia que o maior criminoso da história do Rio, Sergio Cabral, completa um ano na cadeia, dois de seus maiores cúmplices puderam passar a noite em casa. Picciani, inclusive, brindou com champanhe o “Habeas Corpus” concedido por seus “subalternos’ na Alerj. Bebeto, você é um deles.




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