quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Sopa de pedras






Às 6h45m da manhã encontrei Sidney Rezende na esquina da Maria Angélica com Jardim Botânico. Cumprimentamo-nos rapidamente. Nesse horário, ninguém está com tempo para prosa mais alongada. No entanto, deu para ele fazer a pergunta sobre o assunto que me assombrava naquele momento: “já escreveu o blog hoje?”

Sempre me impressionou a precisão cirúrgica que o Sidney tinha no estúdio, ele perguntava sem rodeios e ainda conseguia dar alfinetadas quando o entrevistado merecia, mas sempre com picardia. 

Bem, devia estar escrito em minha testa o que me preocupava. E esse texto não é sobre o Sidney, apesar de termos varias histórias que com certeza serão assuntos de muitos posts. 

O fato é que eu ia para a primeira sessão de fisioterapia após um “contratempo cervical” e estava caminhando os cerca de 2 km que separam minha casa da ABBR. 

Pelo caminho pensava no que poderia ser tema do blog hoje. Por exemplo, ontem ao voltar para casa, encontrei minha mulher acompanhando a cena em que a personagem da Bianca Bin era jogada de um penhasco dentro de um caixão. Minha mulher estava de pé e aflita, como eu fico em disputa de pênaltis no futebol. Acompanhei o desfecho do capítulo e pensei: “Ana Claudia não é de se empolgar com novela, o capítulo deve ter sido bom”. 

No entanto, me irritei demais com a semelhança da trama com o Conde de Monte Cristo. Ok haver vingança na novela. Começou a ficar puxado pra mim, quando a Bianca Bin encontrou em Nathalia Timberg uma benfeitora que compartilhava o esconderijo de um tesouro. A mesma solução narrativa encontrada numa versão cinematográfica da obra Alexandre Dumas, quando um padre interpretado por Richard Harris entregava um mapa ao herói, interpretado por Jim Caviezel. A “inspiração” prosseguiu. Mas o autor precisava usar o mesmo artifício do filme, a personagem fugitiva entrar no caixão no lugar do morto e ser jogada no mar? Como dizia Chacrinha, “nada se cria, tudo se copia”, mas o Walcyr Carrasco está exagerando um pouco. 

Então pensei, vou esperar a trama esquentar para escrever sobre a novela. Resolvi recorrer aos jornais. Abri o noticiário de política. Acabou resvalando no de polícia, pois envolvia Aécio Neves. A PF vê indícios de que o senador tucano usava celulares de laranjas para fazer ligações sigilosas. Não sei se é para rir ou para chorar com o fato do senador estar mais sujo do que pau de galinheiro e continuar mandando no PSDB. No entanto, a notícia mais engraçada é a do governador Geraldo Alckmin combinando a saída do PSDB do governo Temer com... Michel Temer. Definitivamente, não vou conseguir falar de política no post de hoje. 

Aleatoriamente lembrei-me da história da sopa de pedras. O monge foi na casa do avarento e tinha fome. Pensou no que poderia fazer para conseguir comer. Dirigiu-se ao avarento e falou: “você já tomou sopa de pedra”? O avarento se interessou, pois pedras eram ingredientes que não lhe custavam nada. E o monge continuou: “dê-me quatro pedras de tamanho médio e ponha para ferver”. Quando a água estava começando a borbulhar ele pediu: “você teria só dois pedaços de rabanete?” E avarento cedeu. Assim foi quando ele pediu beterraba, cebola é um naco de carne de boi. Desconfiado, o avarento perguntou: essa sopa não vai ficar pronta?”  O monge o acalmou:  “já vai”. 

Quando a sopa ficou pronta, o monge abriu a panela e com a concha retirou as pedras e colocou duas no prato dele e duas no prato do avarento. Depois serviu o restante da sopa e saboreou-a. O avarento ficou olhando para saber o que faria com as pedras. Ao acabar, o monge levantou-se e jogou as pedras no quintal novamente, colocou o prato na pia e se preparou para  prosseguir viagem. No entanto, antes que saísse, o avarento perguntou: "para que as pedras”? E o monge foi sincero: “sem elas você não me daria comida, serviram para me alimentar”. Depois, foi embora. 


Quantas sopas de pedra você fez na vida? 

Um grande dia para todos. 

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