sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Rodízio de pizza na Alerj







A câmara dos deputados não deu licença para que o deputado Marcio Moreira Alves fosse processado. O ano era 1968 e o deputado carioca fizera um discurso que irritara os militares. A decisão parlamentar foi o pretexto que a linha dura precisava para dar um golpe dentro do golpe e decretar o tenebroso AI-5, a “Sexta-feira 13” mais longa da história do Brasil.

Passaram-se quase 50 anos. O honrado Senado Federal livrou o pescoço de Aécio Neves, devolveu-lhe o mandato e “sambou na cara” da sociedade e da justiça que o mandara ficar em casa de noite. Em se tratando de Aécio, talvez isso fosse mais doloroso do que a Papuda.

Para o bem, como no caso de Marcio Moreira Alves, ou para o mal, como no caso de Aécio, o poder legislativo é corporativo por excelência.  A decisão da presidente do Supremo, ministra Carmem Lúcia, de submeter ao plenário medidas judiciais contra parlamentares no exercício do cargo, deu a desculpa legal para o corporativismo ser posto em prática.

A desenvergonhada corrupção do Rio vai ter mais uma bofetada na opinião pública nesta sexta. Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi  devem sair da prisão. O poderoso chefão no ensina que não há nada mais solidário do que os mafiosos. Diante do que acontece na Alerj, chamar a casa de máfia é elogio. Pelo menos o cinema hollywoodiano criou obras primas tendo a máfia como tema. Os personagens daqui são mais perigosos e menos glamorosos, eles não são romanceados, eles são reais.

Olhemos a situação do Rio: os três últimos presidentes da Alerj estão presos. Cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado estão afastados por suspeita de corrupção. E no meio disso tudo, descobrimos que em 10 anos o Rio teve 218 bilhões de renúncias fiscais.

Agora dá para entender porque o funcionalismo está sem décimo-terceiro de 2016 e a pindaíba que esse estado se encontra. Esses 218 bilhões em renúncias ficais é quase quatro vezes o prejuízo da Petrobras. Renúncias fiscais em que não há segurança se houve alguma contrapartida para os cofres fluminenses. 

Cabral e sua gangue são os piores criminosos da história do Rio. Esqueçam Escadinha, Piruinha, Fernandinho Beira-Mar ou Castor de Andrade. Cabral, Piccianni, Paulo Melo, Sergio Cortes são a “Famiglia” mais perniciosa e perigosa que já atuou no Rio.

Cresci ouvindo que o “chaguismo” foi fisiológico, que o “brizolismo” foi caótico e desorganizou o estado. No entanto o “cabralismo” foi quadrilheiro e atuou com desfaçatez. Não tenho esperança de que saia algo de bom da Alerj. Os três “capos” vão se safar. O pior, se nada acontecer, serão eleitos novamente no ano que vem. Pois compram seus votos com centros sociais ou coisa pior.

Uma pergunta que me faço: Não há conexão entre o tráfico de influência e o tráfico de drogas? As duas quadrilhas não têm nada em comum? Dinheiro sujo é dinheiro sujo e os dois podem se encontrar em algum lugar, quem sabe no tráfico de armas? Não sei, só consigo me lembrar da entrevista que o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Rio, Eduardo El Hage, deu ao Globo. Um delator disse a ele que o trabalho dos investigadores é infinito.

Bem, ao se confirmar o rodízio de pizza na Alerj, o caminho é fazer o que o ex-deputado Helio Luz me disse certa vez: colocar uma tranca na porta e transformar o plenário da Alerj numa grande cela.


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