quinta-feira, 24 de maio de 2018

Bolsonaro X Alckmin - E a briga nem começou

Caminhamos para uma eleição sem agenda positiva. A troca de ofensas entre Geraldo Alckmin e Bolsonaro beirou o “feio-bobo-chato”. É quase pueril o candidato tucano dizer que Bolsonaro e PT são a mesma coisa. 

Mas se você olhar um pouco mais detidamente, verá uma característica importante desta disputa. Enquanto Alckmin atacou a pessoa de Bolsonaro, o deputado atacou o partido de Alckmin para se defender. 

Isso mostra virtudes e problemas que os dois terão nessa disputa. Alckmin tem estrutura partidária, virtude que pode ajudá-lo no adensamento de seus votos quando a campanha deslanchar. O tucano não consegue decolar por problemas que vão desde suas relações duvidosas com Paulo Preto até sua falta de carisma. 

Carisma não é problema para Bolsonaro. Um discurso inflamado, preconizando a ordem, mas sem apresentar propostas mais profundas além de “acabar com a roubalheira” e “salvar a família brasileira”. Pragmaticamente, falta ao deputado a máquina partidária que transformará seus ruidosos discursos em vitória na urnas em outubro. 

Para vencer, Bolsonaro terá que fazer um movimento mais para o centro. Ação a qual não parece ser capaz. Se eu gostasse de apostar, diria, levianamente, sei, que o capitão nem chegaria ao segundo turno. A importância da máquina partidária se mostrou cristalina em 2014, quando Aécio virou em cima de Marina Silva e conquistou a vaga no segundo turno contra Dilma Rousseff

O establishment político acha Bolsonaro perigoso. Não é que o deputado seja um candidato sem compromissos, todos são de uma forma ou de outra. A questão é que Bolsonaro tem compromisso com setores diferentes do que os dos atuais donos do poder. 

Uma raposa que entende muito de eleições me deu uma ideia, que numa primeira leitura pode parecer estranha, mas nestes tempos revoltos, não pode ser descartada. 

O discurso da ordem será a grande âncora desta eleição. O Brasil realmente chegou a um ponto de inflexão. É nesta realidade que o pleito será realizado. O General Antônio Hamilton Mourão pode facilmente encarnar este discurso. Mourão defendeu a intervenção militar, criticou Lula e chamou o governo Temer de balcão de negócios. 

Não seria estranho, segundo o analista com quem conversei, que Mourão saísse candidato, com apoio inclusive de Bolsonaro. Assim, o capitão garantiria uma vitória arrebatadora para deputado e levaria de roldão vários candidatos afinados com seu discurso para a Câmara  Bolsonaro funcionária assim como um grande puxador de legenda. 

Diante do embaralhado quadro político causado pela quase certa ausência de Lula em outubro, qualquer coisa pode acontecer, inclusive o quadro atual de candidatos ser mantido. 

A debilidade nas pesquisas apresentadas por todos os postulantes, porém, faz crescer uma ideia. Faz aumentar a impressão que ainda não surgiu o candidato ungido para vencer. Nesta realidade, se impõe à semelhança com a eleição de 1989. O final daquele pleito trouxe consequências ruins para p país. Tomara que a história não se repita, estamos cansado de finais infelizes. 

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