segunda-feira, 7 de maio de 2018

FHC e as candidaturas em 2018

Fernando Henrique Cardoso afirmou que se Geraldo Alckmin não se mostrar um candidato capaz de vencer a eleição, o PSDB deveria apoiar uma candidato de centro viável. Ele disse durante uma entrevista que a insônia me fez assistir. Esbarrei com a  entrevista de FHC no Canal Livre da Band. Aliás, como ele tem dado entrevistas para o lançamento de seu novo livro! Ele está cumprindo o papel de príncipe que sempre lhe foi atribuído. O “sociólogo, intelectual que deu dignidade a uma cadeira ocupada por ditadores, velhas raposas e caudilhos”. 

Ganhou duas eleições em primeiro turno e poucos vão se lembrar que conseguiu perder para Jânio Quadros a Prefeitura de São Paulo, em 1985. Mas isso acabou sendo irrelevante diante das vitórias obtidas. 

O programa ancorado por Ricardo Boechat, com a participação de Fernando Mitre, Luiz Augusto Nunes e Julia Dualibi foi extremamente simpático e generoso na entrevista. 

Mesmo assim, o ex-presidente teve que responder algumas perguntas mais apimentadas. Uma que veio de Julia Dualibi foi sobre a escolha de Renan Calheiros para o Ministério da Justiça. FHC respondeu que não se governa sem alianças. As reações às respostas sempre dependerão dos ouvidos que as receberam. Dito por outro político seria a frase icônica de uma velha raposa. Vinda de Fernando Henrique parece pílulas de sabedoria. 

Abusando um pouco da ingenuidade de quem assiste disse que na reunião que teve com Michel Temer na semana passada, tratou-se de encontro para entregar o livro recém lançado. 

Fernando Henrique virou sua metralhadora elegante e sutil para atacar o pré-candidato do MDB, Henrique Meirelles, dizendo que não se pode governar para o mercado. Reiterou críticas a Joaquim Barbosa, dizendo que o ex-ministro do Supremo é culto, mas não teria paciência para governar ouvindo o povo, pois está acostumado a resolver as coisas autocraticamente como um juiz. 

Para Geraldo Alckmin, além da frase que abriu o texto, insistiu na tese que ele é simples e cuida do cofre. Se eu fosse o pré-candidato do PSDB pediria para o “elogio” não voltar a ser repetido. Parece que FHC está indicando Alckmin para ser síndico de seu prédio em Higienópolis. 

Outra frase que dita por um político diferente ganharia uma leitura incendiária  foi “temos que resgatar alguns políticos, pois não se vive sem a política”. Concordo, mas proveniente de bocas menos nobres viraria: “ele está atacando a Lava-Jato”. 

Fernando Mitre perguntou porque ele não fez a Reforma Política. Ele disse que havia muitas prioridades em seu primeiro governo e, por isso, teve que deixar de lado. 

Incomodou-me o fato de nenhum dos jornalistas perguntar a ele se poderia sair candidato. Afinal, em vários momentos ele disse que precisava aparecer um candidato viável. Será que não valeria a pena fazer a pergunta? Eu acho que valeria. Se ele disse “de jeito nenhum” já seria manchete. Se respondesse algo vago, também daria lead. 


O fato que a 5 meses da eleição, FHC é o nome do PSDB com mais exposição positiva nas mídias. Alckmin está arranchado e Aécio está acabado. Depois da Copa essa eleição vai ficar muito divertida. 

Um comentário:

  1. Após a leitura de seu post fiquei com a nítida impressão que ele está em campanha. A duas semanas ele esteve no Conversa com o Bial e em igual tom descreveu as qualidades que o ambiente demanda do próximo presidente: ser uma pessoa capaz de ser eleita (carisma eleitoral), ter habilidades políticas (negociador junto ao congresso), alguém com um passado que esteja longe da lava-jato (ou de escândalos RECENTES) e alguém que apoie a manutenção da lava-jato.
    Fiz, mentalmente, um mapa do cenário atual e fui eliminando os pre candidatos, um-a-um.
    A esperteza do ex-presidente é que ele não compunha o meu mapa mental! Provavelmente de todos que lhe viam.
    Sua pergunta era a bala de prata.
    Quem sabe não foi combinado que não a fizessem?

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