quinta-feira, 3 de maio de 2018

O escândalo da ginástica e o que o pais deveriam aprender


O escândalo dos abusos na ginástica é terrível e lança dúvidas em uma relação que deveria ser símbolo de união para um crescimento. A relação professor/aluno. Porque antes de ser um treinador que busca resultados, o profissional é um professor que ensina maneiras do atleta se aperfeiçoar.

No entanto, esses casos não são novidade pelo mundo. Larry Nassar, ex-médico da seleção de ginástica do Estados Unidos foi condenado a mais de 100 anos de prisão por abusos a atletas. No escândalo brasileiro as denúncias estão acontecendo em cascata. Lucas Altemeyer, atualmente acrobata no Canadá, foi o vigésimo atleta a depor no inquérito sobre as suspeitas de abusos sexuais cometidos pelo ex-técnico da seleção brasileira de ginástica, Fernando de Carvalho Lopes. O que reforça a importância de não ficar calado ao sofrer o abuso.

É muito natural que a vítima se sinta culpada. O atleta Petrix Barbosa, primeiro a falar abertamente sobre os abusos, disse que achava que estava fazendo algo errado. Na entrevista ao Fantástico, Petrix disse que em algumas oportunidades, Fernando acordou com as mãos dentro da calça. No entanto, mais amadurecido, resolveu falar.

O caso reforça o cuidado que devemos ter com nossos filhos. O abusador é um covarde que se aproveita da ingenuidade da criança e, muitas vezes, causa danos irreversíveis à personalidade do abusado. É um alerta para os pais que tendem a “terceirizar” a educação dos filhos.

Então, é bom conhecer os professores, acompanhar nos treinamentos, saber onde e como foram as competições, enfim supervisionar e não delegar a terceiros a função de educar. Construir um diálogo com os filhos, para saber quando algo está saindo dos trilhos.

Tirania não é bom remédio para a formação de atletas, na verdade não é boa receita para a formação de pessoas em geral. Outro caso assustador foi o de Diego Hypolito. A narrativa dele de como os atletas mais velhos o submetiam a humilhações é revoltante. O desfecho da história com ele não conseguindo competir após ter uma crise desencadeada pelo bullyng só piora a situação.   
A primeira reação do MESC de São Bernardo do Campo foi impressionante. A instituição disse que nunca recebera denúncias contra o técnico e que por isso não se pronunciaria. Esse tipo de resposta é um absurdo e pode falar muito sobre o cuidado do clube no processo de seleção de funcionários. Você não pode culpar ninguém a priori, mas deve investigar antecedentes, buscar referências, coisas básicas. Afinal, o trabalho é com crianças e jovens. Fernando estaria cometendo este tipo de abuso há anos, o inquérito foi instaurado na delegacia de Ribeirão Preto em 2016, e o MESC tenta se eximir de responsabilidade. Posteriormente, ao ver o tamanho da encrenca, o clube demitiu o treinador.

Se não ficar provada uma culpa legal do empregador do treinador, há uma culpa moral, pelo menos. As vítimas tiveram contato com o suposto abusador por terem procurado o clube para se inscrever na prática de uma atividade esportiva lá oferecida.

O escândalo da ginástica artística nos faz pensar que atletas estão sendo formandos e quem são os formadores desses atletas.

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