terça-feira, 1 de maio de 2018

Acabei La Casa de Papel, mas não vi Breaking Bad. A dívida continua

Terminei de assistir La Casa de Papel. Resisti ao “fogo amigo” de spoilers. Minha filha já tinha visto e deixava escapar algumas cenas e se irritava quando eu acertava coisas do roteiro, bem previsível, por sinal. Por favor, isso não é spoiler, é apenas crítica de noveleiro. La olCasa de Papel é um novelão. Falado em espanhol me dava impressão de que surgiria Maria do Bairro na tela. Por favor, sei que Maria do Bairro não era espanhola. Só quero fazer o que na minha infância chamavam de chiste e hoje é conhecido como “zoada”. Gostei de La Casa de Papel, antes que me crucifiquem. 

Mal terminei a série, decidi dividir com meu mundo social, ou seja, meu Facebook. Disse que não me sentia mais um “pária” por ter conseguido assistir a série de que todos falavam. Eis que minha prima me apresenta a dura realidade. Ainda sou um “pária” , pois não assisti Breaking Bad. 

A verdade é que não dou conta. Graças a um esforço de reportagem “zerei” House of Cards e The Crown. Estou acompanhando a reta final de O Outro Lado do Paraíso e quero assistir Carcereiros e Onde Nascem os Fortes. 

Uma querida amiga endossou as palavras de minha prima e convocou o namorado e outra amiga a começarem uma mini-campanha para que eu assista Breaking Bad. 

Pronto, começou meu vazio existencial. Querendo ser o “enturmadão” que vê séries e pode falar sobre elas, me precipitei em uma armadilha netflixiana. Estou preso. Vou ter que assistir Breaking Bad , vou ter que arrumar um tempo. 

Sei que gente muito mais brilhante do que eu já escreveu sobre isso, mas as plataformas de séries e filmes me causam indigestão midiática. 

Vivo no meio do caminho. Não sou o eremita, que nada conhece, e não sabia quem era Itzar Ituño até assistir La Casa de Papel. No entanto, nossos acelerados tempos nos deixam sempre atrasados para alguma coisa. Essa insatisfação e essa angústia causam a eterna impressão de dívida. 

O resultado é que a gente dá um olá, já pensando no adeus que irá dizer. Não se aproveita a permanência, porque em vez de achar essas permanências “eternas enquanto durem”, pensamos que elas tem que acabar para que possamos continuar o caminho. . 


Mas La Casa de Papel será inesquecível também por um motivo prosaico. Após 18 anos de relacionamento, fui obrigado a esperar minha mulher para acabar uma série. Há sempre uma primeira vez para tudo. 

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