segunda-feira, 28 de maio de 2018

Não é só pelo diesel

Duzentos e dez milhões de aves morreram até o momento por causa da greve das empresas e dos caminhoneiros. Além disso, milhões de litros de leite foram despejados no chão, impedidos de ser comercializados. 

A você  que está apoiando fortemente a greve dos caminhoneiros, tenho uma informação. Você vai pagar de alguma forma a renúncia fiscal que a União vai patrocinar para que o movimento seja atendido. 

É simples, se vai deixar de arrecadar por uma lado, o governo vai precisar tirar de outro. Numa situação séria, o governo procuraria adequar seus gastos para a nova realidade. Não é o que irá acontecer. Então, todos nós, inclusive os caminhoneiros, pagaremos por esse pacotão de bondades para as empresas que controlam o transporte de carga. São R$ 10 bilhões que deixarão de entrar nos cofres públicas. Senta que lá vem mais impostos para a gente pagar. 

Tem cara de esparrela. O país está no meio de uma guerra de facções. E no meio da batalha, as balas perdidas ganharam novas formas. Elas agora estão travestidas de falta de combustível nos postos, de comida nos mercados e de transporte mas grandes cidades. 

Nesse país com imensas desigualdades, onde as pessoas não têm literalmente o que comer, pensar em leite e frango inutilizados para o consumo é revoltante. 

A briga da redução de impostos passa por uma discussão da sociedade. A classe média, por exemplo, sofre como uma tabela de descontos do Imposto de Renda congelada há tempos. 

O governo é gastador. Logo, se não forem tomadas medidas para resolver essa característica, tudo vai ser paliativo. 

Esse movimento não tornou apenas o governo refém, eles nos transformaram a todos em reféns da sua guerra. Em alguns momentos, essa ação dos profissionais beiraoua chantagem. 

Além disso, as faixas de Intervenção Militar Já são assustadoras. Isso evidencia uma luta  subterrânea. Não sirva de massa de manobra. Não é uma greve organizada por caminhoneiros autônomos. Apenas 30% da categoria é formada por motoristas sem vínculos com as empresas. 

A questão da negociação é que o governo está cedendo e os caminhoneiros estão esticando a corda e estão utilizando uma tática “sanfona”. Ocupam e desocupam faixas de rodovias. A impressão é que o objetivo não é resolver o impasse, e sim fazer sangrar o governo pra lá de moribundo. 

Da mesma forma que as manifestações de 2013 diziam “não é apenas pelos 20 centavos”, as de agora deveriam ser honestas e dizer “não é apenas pelo diesel, é por uma derrota acachapante e consequente inviabilização do governo”. Para ficar claro, o mundo não é binário. Ser contra esse movimento, não representa ser contra greves e nem quer dizer que se é favorável ao governo. 


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