domingo, 15 de outubro de 2017

Dos livros que eu li

Dos livros que eu li



Eu adoro ler biografias. Minha mulher inclusive acha que eu deveria variar mais. No entanto, lançam uma biografia e lá vou eu em direção à livraria. É, sou antigo, compro o livro de papel. Cansa-me um pouco ler no tablet. Já tentei ler no celular, mas também não gostei. 

Tive algumas "Bíblias" que me marcaram ao longo do caminho como leitor. A primeira foi ela própria, a Bíblia. Existem historias sensacionais por lá. De poemas de amor ao combate à pobreza. Bem lida, a Bíblia é um livraço. O problema são as interpretações e o uso que alguns fazem dela. Justificam intolerância, preconceitos e combate à diversidade a partir de sua leitura.

Bem, tive um amor adolescente: a obra de Machado de Assis. E o que dizer sobre ele? Que até hoje não sei se gosto mais de memórias Póstumas de Brás Cubas ou de Dom Casmurro. Eu acho que Capitu não traiu Bentinho, mas é impressionante como o lado mundano da traição é atemporal. É só pensarmos nas especulações sobre o fim dos relacionamentos de Cauã Reymond e Grazi Massafera e de Neymar e Bruna Marquezine... “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.

Desde que meu professor de Rádio na faculdade, o inigualável Fernando Mansur, passou um trabalho em que tivemos que ler Chatô, o Rei do Brasil, adotei esse como mais um dos livros fundamentais na minha vida. O período histórico retratado no livro é riquíssimo, além de mostrar as relações pouco ortodoxas do fundador dos diários associados com os políticos... Na obra de Fernando Morais tem uma frase sensacional que explica muito do jornalismo: “Quer ter opinião tenha um jornal”.

Mansur também me fez ler Mauá, o Rei do Brasil. No livro conhecemos a história de um homem que tinha uma visão muito mais adiantada do que os homens do seu tempo. Pense que em meados do século 19 ele já tentava resolver o gargalo para o escoamento de produtos no Brasil, enquanto a elite escravizava seres humanos e achava que o campo lhe proveria por tempo indeterminado.
  
Voltando ao século Ao ler Minha Razão de Viver, de Samuel Wainer, tive o outro lado do mesmo período. Além de entender mais um pouco de jornalismo. Notícias do Planalto, de Mário Sergio Conti, explica entre outras coisas como Fernando Collor foi parar no Planalto. 

Tem o sensacional "O dia em que Getúlio matou Allende" de Flavio Tavares. Lá, o exercício do olhar do repórter chega à sutileza máxima. Numa entrevista Com Che Guevara ele pergunta ao mito da esquerda do Século 20 porque ele tratava tão bem de suas botas. A pergunta se mostrou pertinente, pois ao ser caçado na selva boliviana Che tinha amarrado aos pés o couro de um animal, em vez da sólida e protetora bota da visita ao Brasil, não mais do que 6 anos antes. 

Se você está pensando mesmo em votar em uma determinada pessoa que grita, baba de ódio e não deixa opositores se manifestarem, leia a série de 5 livros do Elio Gaspari, chama "Ilusões armadas". Os livros reconta a história do regime militar. Acho sensacional o primeiro capítulo do primeiro livro. Trata da saída do Ministro do Exército, Silvio Frota, que pretendia emparedar o presidente Ernesto Geisel. A forma como Gaspari conta o episódio transforma o que poderia ser um caso insípido numa trama de ação, protagonizada dentro dos gabinetes de Brasília.

A verdade é que os livros são parte essencial da formação de nosso repertório. Neles histórias reais ou ficcionais nos ajudam a entender e aguentar o caminho. Então, leia e leia muito. A gente nunca sabe qual a próxima forma de arte o MBL vai tentar calar.

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