quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Eduardo Paes está numa encruzilhada

Desde a fusão da Guanabara e do Estado do Rio, apenas Marcello Alencar conseguiu ocupar o cargo de prefeito da capital e de governador do Rio de Janeiro. 

Cesar Maia tentou repetir o feito em 1998. No entanto, mesmo com a boa avaliação na cidade do Rio não conseguiu vencer Garotinho.  O então candidato do PDT era muito forte no interior.

Se conseguir passar ileso pela operação Lava-Jato, Eduardo Paes vai tentar superar um obstáculo que seu criador político não conseguiu. (Depois de publicado o post, a querida Fernanda Galvão me alertou sobre um caso que pode realmente retirar Paes da disputa. Ele responde a  um processo porque seu candidato na última eleição, Pedro Paulo, usou como programa de governo um plano estratégico contratado pela prefeitura. Os dois podem ficar inelegíveis para 2018). 

A administração desastrada de Marcelo Crivella na prefeitura dá força à Paes, que liderou a cidade num momento de preparativos da Copa e da Olimpíada. Uma época em que a cidade parecia ser o melhor lugar do Brasil. 

Além do que estamos perto do carnaval. Vai ficar gritante a diferença entre um prefeito que saía na bateria da Portela e outro que não consegue entregar as chaves da cidade ao Rei Momo por fundamentalismo religioso.

 No entanto, Eduardo Paes tem alguns percalços para conseguir ser candidato. O primeiro: o homem que ocupou a secretaria de obras nos 8 anos de governo está preso por causa da Lava-jato. Alexandre Pinto pode ser o salvo-conduto ou a ruína da candidatura de Paes. 

Outro problema é a lembrança eterna que as pessoas terão de sua ligação com Sérgio Cabral. Quem acompanha a política do Rio sabe que os dois não se bicavam, mas fizeram uma aliança por conveniência. Agora Paes tem que arcar o prejuízo do pacto com o diabo.

Soma-se aos problemas mencionados acima, o fato de Paes ser do MDB. O governo Pezão é tão ou mais desastroso do que o  de Crivella na capital. Isto pode ter um efeito tóxico para o prefeito “olímpico”. 

A máquina partidária MDB vai passar por um teste de força nas próximas eleições. Dos principais nomes da legenda no Rio, quatro integrantes do “olimpo” estão presos. Sérgio Cabral, Jorge Picciani, Paulo Melo e Eduardo Cunha. Para complicar mais um pouco, Pezão não ê o tipo de apoio que se leve para p palanque atualmente. 

O estado do Rio vive uma entressafra de lideranças políticas. Nesse vácuo, a capital foi parar nas mãos de Crivella e os outros grupos que querem dominar o estado não vão permitir que o prefeito aumente sua influência. 

Assim como a eleição para presidente, a corrida pelo Palácio Guanabara deve ter uma “inflação” de candidatos. Paes, Garotinho, César Maia, Índio da Costa e Flávio Bolsonaro. Só para começar. Isso sem falar em Romário, que tem se mostrado tão imprevisível na política, quanto era perto do gol. 

Vai ser uma novela importante para acompanhar. Quem levar a noiva ao altar vai ter como dote reservas de petróleo semelhantes a de um país árabe. Mas terá que resolver os problemas de uma administração devastada pela corrupção, um funcionalismo com salários atrasados e um estado devendo a Deus e aos bancos.

2 comentários:

  1. Alguns pontos: primeiro, em que pese a força do garotinho no interior, o PT teve fundamental importância ao sabotar a candidatura própria e aliar-se ao PDT, levando a capital consigo.
    Um caminho para o Paes seria a troca de partido, o PMDB está dilacerado, além dos atores mencionados, existem ainda o Cunha e o Moreira Franco, caciques nacionais que mandam aqui tb, será briga de foice.
    Evite pelo menos um outro ator não mencionado, Freixo. Lembrando que exceto a época do Paes, o Rio sempre está em desalinho com o governo Central.

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  2. Verdade, mas acho que o Freixo não sai. Ele precisa manter o mandato.

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