quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Transformar a dor em legado é nobreza






As pessoas escolhem a forma de lidar com a própria dor. Essa escolha depende da força e das condições que cada um tem para reagir. Aos 15 anos participei do Comitê Pró-Monica. A iniciativa surgiu da dor dos pais que perderam a filha. Monica Granuzzo foi assassinada. O crime teve a participação de três homens. A menina foi atirada da janela do apartamento de um deles na Fonte da Saudade, um caso típico de feminicídio. Como conhecia algumas pessoas que estudavam com Mônica no colégio Princesa Isabel, participei do comitê. 

O que fazia os pais prosseguirem era a busca por justiça. Eles não teriam a filha de volta, mas fizeram o possível para alertar outros pais e denunciar a violência sofrida. 

Temos transformar a perda algo positivo. Minhas queridas Eliana e Simone Mendonça tomaram este caminho. Em julho do ano passado Daniela Furtado morreu por males decorrentes do Lúpus. Ela era filha de Eliana e irmã de Simone.

Daniela, ou Dé, sofria do mal desde os 15 anos. O nome da doença é tão feio quanto seus efeitos. O Lúpus Eritermatoso Sistêmico ainda é desconhecido, porém é cruel e fatal. 

Para tentar ajudar as famílias que passam pelo drama de ter alguém com esta doença, Eliana e Simone decidiram criar o Instituto Lúpus Care. 

O site www.lupuscare.com.br traz informações sobre esta doença autoimune. Simone ressalta que o diagnóstico rápido pode melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem do mal. 

A dor de Eliana é daquelas que não gostaríamos que o pior inimigo sofresse. Há um clichê que chama a perda de um filho de “dor sem nome”. Às vezes os clichês são as melhores traduções de um sentimento. 

É uma dor sem nome e sem tamanho. Criar um instituto e buscar o conforto para as outras pessoas que sofrem do mesmo mal é um ato de duplo valor. Além de ser nobre, é generoso. 

A fundação é um legado que transborda das boas lembranças da família sobre a Dé e chega à sociedade. Em meio a tantas notícias complicadas, desamores e solidão, é inspirador o cuidado em fazer da dor o combustível para mudar um pedacinho da realidade. 


3 comentários: