domingo, 4 de fevereiro de 2018

Meus carnavais - O desfile era só um detalhe



Ontem eu expliquei que entre 2000 e 2004 eu cobri os camarotes da Marquês de Sapucaí. A lógica era seguinte: eu tinha pouca obrigação com as entradas durante a transmissão. Os entrevistados do ambiente eram cereja do bolo. A transmissão era sustentada pelos âncoras, comentaristas e repórteres na concentração, posta e dispersão. 

Saía da redação pautado da seguinte forma: celebridades eu fazia para a Rádio Globo. Políticos eu oferecia para a CBN. Obviamente, essa regra não era rígida. Com o tempo você aprende o que oferecer a cada emissora.

Ao descrever isso, os leitores então concluem. “Trabalhinho mole, só no camarote”. Se eu era um complemento na transmissão, no dia seguinte “só dava eu”. Fechava umas 7 ou 8 matérias por noite. 

Repercutia crise de segurança, aumento de passagem, picuinha política, possibilidades de aliança nas eleições. Algumas reportagens que rodariam no dia seguinte para sustentar a programação. Enquanto o trabalho de todos se concluía ao término do desfile, eu voltava à redação e fechava as matérias.

Mas acho que a pauta símbolo desse off-Sapucaí na Sapucaí aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2002. Quando estava saindo da redação para a Avenida, chegou a informação que o deputado federal Nelson. Marchezan tinha morrido. Ele era pai do atual prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan Júnior. 

Marchezan fora presidente da Câmara e na época da eleição que elegeu Tancredo Neves. Apesar de pertencer ao PDS, partido de Paulo Maluf, Marchezan liderou um grupo de parlamentares da situação que preferiram se abster no Colégio Eleitoral   

Lá fui eu repercutir a morte do nobre deputado. O primeiro a me ajudar foi o prefeito Cesar Maia. Os dois foram colegas na Câmara. Cesar fez um bom resumo da carreira de Marchezan, então me ajudou. O problema é que a chefia queria mais gente. 

Eis que Ciro Gomes surgiu no camarote da Brahma acompanhado da sua mulher na época Patrícia Pilar. 

Foi perfeito entrevistei Patrícia Pilar para a Rádio Globo. Na época ela se recuperava de um câncer. E entrevistei Ciro para a CBN sobre  a repercussão da morte de Marchezan. Ainda consegui que o Ancelmo Góis falasse de deputado morto. 


O fato de ter que repercutir a morte de alguém durante o carnaval foi um anticlímax e tanto. Para alguns entrevistados, eu avisei o ocorrido.  Ninguém me disse que seria fácil esse tal de jornalismo.

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