terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

O carnaval da Tuiuti e a folga do prefeito



A primavera das mulheres continua a render frutos artísticos. Com seu enredo sobre a luta das mulheres negras, o Salgueiro vai com muita força para a apuração. No entanto, mesmo com a relevância do tema e a beleza do desfile, a escola vai sofrer críticas. O fato de a comissão de frente ter homens representando mulheres negras pode se transformar numa “treta” pós-desfile. 


Com todo respeito à Beija-Flor, mas seu enredo sobre Frankstein para falar de corrupção me lembrou aquela história: “de bucho cheio ninguém reclama”. Em momentos de vacas gordas, a escola já fez enredo até sobre cavalo manga-larga marchador. Com o caixa baixo, a escola resolveu reclamar. Competente como sempre, a Beija-Flor vem com força para disputar o título, mas seu protesto me pareceu de ocasião. Ah, mas e “Ratos e Urubus”? Isso já tem quase 30 anos...

Para mim o Carnaval da Marquês de Sapucaí em 2018 terá como símbolo a coragem da Paraíso do Tuiuti. A escola falou da desigualdade social, da corrupção e criticou os rumos que o Brasil toma. Não foi escapista, foi direta. O carro com o vampiro neoliberal representando Michel Temer deu nome e sobrenome aos males que ameaçam trabalhadores. Assim como a representação da escravidão disfarçada que atinge muitas pessoas. Vai ser campeã sem título, assim como outras escolas ao longo da história. Quem ganhar 2018 não vai ser tão lembrada quanto a escola de São Cristóvão. Outro fato engraçado foi a agremiação ter  deixado a transmissão oficial da Rede Globo desnorteada. Ficou parecendo a decisão entre Vasco e São Caetano, aquela em que o time de São Januário entrou com a camisa patrocinada pelo SBT. Quem transmitia não sabia bem como driblar o golpe visual.  Durante 90 minutos a emissora de Silvio Santos teve a marca exposta na TV Globo. Isso queimou pontes entre a Globo e a direção do Vasco. Essa conversa é para um outro post que não vou escrever.

A Mangueira fez um grande carnaval. Também foi explícita. No entanto, bater em Marcelo Crivella não é difícil. E o melhor marketing para a escola é que o bispo “caiu na pilha” e decidiu reclamar dos protestos. 

O prefeito não entendeu uma lei elementar das pilhérias escolares: acusar o golpe é pior. Só para lembrar, 40 dias depois do entrudo momesco, tem a Páscoa. A Mangueira lançou tendência. Marcelo Crivella pode ser um campeão de audiência nos postes da cidade como um bonequinho de Judas. 

Alguém tem que dizer a Marcelo Crivella a frase “me ajuda a te ajudar”. Não dá para o prefeito sair da cidade no carnaval. E num vídeo patético dizer que foi à Europa aproveitando essa “folguinha do carnaval". Marcelo Crivella parece não ter entendido o lugar que governa. 

“Folguinha de carnaval” tem o bancário, alguns comerciantes e profissionais liberais. O prefeito do Rio não tem essa regalia, ele tem que estar na cidade. A metáfora é batida, mas vale. O prefeito é o “síndico”. Bem, Crivella pode ter se inspirado na assiduidade de Tim Maia, que faltava aos shows e tinha o apelido de síndico. 

Tim Maia fazia bem à alma, já o prefeito...



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