domingo, 25 de fevereiro de 2018

Jornalismo é para buscar a verdade. Jornalismo não é para ser amado







Ontem eu escrevi um pouco sobre Ben Bradlee, um dos grandes nomes do jornalismo americano no século XX. Bradlee era o editor do Washington Post em dois casos emblemáticos da política americana - Os papéis do Pentágono e Watergate. 

O diário entrou em confronto com a administração  Nixon nos dois casos. E os jornalistas da publicação sofreram retaliações, perderam credenciais da Casa Branca, entre outras medidas. 

Richard Nixon tinha um governo extremamente popular e atacava o Post frequentemente. Bradlee  insistia numa cruzada quase solitária contra o esquema de Nixon. O governo tentava dizer que tudo era mentira e a população via o caso como uma perda de tempo. 

O papel da imprensa estava sendo questionado. Muito se falava que as informações reveladas colocavam em risco a segurança nacional. 

No entanto a descoberta dos grampos ilegais feitos por Richard Nixon virou o jogo e o presidente foi obrigado a renunciar. 

Ao ser indagado se a imprensa saíra desgastada do episódio, Ben Bradlee disse uma frase que pode servir na aula inaugural de qualquer curso de jornalismo: “a imprensa tem que cuidar do nosso negócio, que não é ser amado e sim buscar a verdade”. 

Para quem cursa a faculdade de jornalismo ou se interessa pelo tema, o documentário O homem do jornal -a vida de Ben Bradlee é essencial. 

O jornalista tem participação destacada em coberturas que mudaram os rumos da profissão nos EUA e no mundo. 

Ben Bradlee era amigo muito próximo de John Kennedy, o que lhe dava acesso a muitas informações. Ele foi acusado de falta de ética jornalística. 

Na voz do próprio Bradlee, a proximidade com Kennedy o fez repensar os conceitos de amigo e de repórter constantemente. O que realmente ele soube, nunca saberemos. O problema que essa relação próxima com Kennedy o deu dores de cabeça posteriores. 

O filme The Post, mostra o quanto Ben Bradlee e a dona do Post, Katharine Graham, foram fundamentais para defender a liberdade de imprensa. 

O documentário o Homem do jornal resgata o momento novamente. No meio do embate com executivos e advogados para publicar os papéis do Pentágono, Ben Bradlee explicou sua intransigência num momento tão significativo. Ele disse que não lutar para publicar os papéis do Pentágono deixaria o Post como instrumento de qualquer governo, independentemente de quem ocupasse a cadeira presidencial. 

Uma coisa que me chamou atenção no documentário é a quantidade de jornalistas que trabalhavam no jornal desde as décadas de 1960 e 1970. 

Bradlee explicou que seu talento era enxergar uma boa história onde muitos não viam nada. 

Um dos editores ouvidos no documentário disse que Ben Bradlee perseguia a história que provocaria a reação de espanto ou indignação na hora do café da manhã dos americanos. Esse tipo de matéria tinha o apelido de “puta merda”. 

Jornalismo transforma. É o evangelho de nossos dias. Responsabilidade e comprometimento são elementos fundamentais para esse ofício quase sagrado que é informar. Como consequência o jornalismo desperta, causa indignação e emociona

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