sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Meus carnavais - debutando na Marquês de Sapucaí



Estamos a uma semana do carnaval. Hoje a data não me causa reações como as do passado. Nada a ver com a festa, uma celebração necessária para afastar o baixo astral da cidade.  Tudo está relacionado ao fato que depois de alguns anos não vou trabalhar durante o tríduo momesco. Entre 1999 e 2007 e de 2011 a 2017 estive diretamente envolvido com a Marquês de Sapucaí.

Até debutar na avenida, nunca tinha conseguido assistir a um desfile inteiro. Não que não gostasse do espetáculo. Sei bastante da história de antigos carnavais. Não sou uma enciclopédia como os amigos como Carlos Gil, Eugênio Leal, Alberto João e Fred Soares, mas tenho memórias emocionantes de desfiles como Bum Bum Paticumbum Prugurundum, do Império, Ziriguidum 2001, da Mocidade e Ratos e Urubus Larguem Minha Fantasia,  da Beija-Flor, para ficar em alguns. Reverencio gênios como Joãosinho Trinta, Fernando Pamplona e Fernando Pinto.

Meu problema com carnaval era físico mesmo. Ficar as duas noites de desfile do Grup Especial de pé, andando de um lado para outro, falando com as celebridades e personalidades do samba exigia quase uma preparação de atleta, o que não tenho há uns 20 anos. Quando eu via a vinheta da Rede Globo anunciando o carnaval eu me sentia mal, mergulhava numa espécie de cansaço prévio. 

No entanto, quando estava na avenida, me divertia. Afinal, jornalista que gosta do ofício quer estar onde tem notícia. E a Marquês de Sapucaí é pródiga como produtora de fatos e pautas. 

O meu primeiro carnaval na avenida me marcou por três histórias. A primeira, contei em outro post. Como era “pato novo” não podia mergulhar fundo e fui para a área de dispersão do desfile. Taís Araújo estava chegando após desfilar pela Imperatriz. Ele estava fantasiada de Chica da Silva. Ao abordá-la, disse no ar que ela estava irreconhecível e não descrevi a fantasia. Só o fiz depois que o âncora da transmissão me chamou atenção no ar. 

A segunda passagem foi o fora que levei do carnavalesco da Mocidade na época, Renato Lage. A escola de Padre Miguel era forte nas décadas de 80 e 90. No entanto, naquele ano houve uma falha no desfile. O “buraco’ aconteceu em frente à cabine da Rádio Globo, que antigamente ficava perto de um dos módulos de julgadores. O âncora da transmissão pediu que eu perguntasse ao Renato o que tinha acontecido. Quando o informei do furo na evolução, ele se irritou. Tentei argumentar que foi na frente cabine da rádio, não adiantou. Ele encerrou a entrevista dizendo ironicamente que eu entendia mais de carnaval do que ele. A Imperatriz ganhou aquele carnaval e a escola da Zona Oeste perdeu pontos preciosos por causa da falha. 

A terceira foi mais prosaica. Alguém sabe quem é Suzana Alves? Mas se eu disser Tiazinha, a galera com mais de 25 anos vai lembrar. Pois é, se em 2018 o carnaval pode ser de Pabblo Vitat ou Jojo Todynho, o de 1999 teve a grife da Tiazinha. 

Como todos os jornalistas presentes na Praça da Apoteose (exceção feita aos da TV Globo, já que a moça era da Band), tive que tentar falar com a celebridade. Eu tinha uma desvantagem competitiva. Meu microfone tinha metros e metros de cabo. Ao tentar entrevistar a moça, fiz um strike em vários jornalistas. 


O fio do meu microfone representou um obstáculo a mais para quem estava na Praça da Apoteose em 1999. Nos anos seguintes os repórteres foram com microfones sem fio para a concentração, pista e dispersão. Pelo menos meu sofrimento legou alguma melhora nas condições de trabalho. 

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