terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Djavan, Anitta e Pabblo






Bendito seja o Spotfy. Por intermédio do meu celular, o radinho de pilha da pós-modernidade, estou ouvindo diariamente o disco Seduzir, do Djavan. Esse disco tem varias musicas que formaram meu gosto musical como Faltando Um Pedaço, A Ilha e a própria Seduzir, que dá nome ao disco. 

Eu tinha 10 anos, mas como temporão, meus irmãos mais velhos, Davi e Daniel, faziam minha cabeça com discos do Milton Nascimento, Caetano Veloso, Belchior e a nata da MPB. Seis anos mais novo que o David, Daniel ouvia também umas bandas internacionais. Ele me apresentou ao Pink Floyd, Yes e Police. No entanto, acho que o primeiro disco que eu aprendi todas as músicas foi Seduzir. Portanto, antes do Rock Brasil invadir minha alma, o que fazia minha cabeça era mesmo Djavan. 

Lembro que uma vez fui cantar num karaokê. No auge da pretensão, me dirigi ao pessoal e pedi para cantar Samurai, do disco Luz, lançado um ano depois. Os músicos se entreolharam e duvidaram. No fim, eles disseram que foi direitinho. Que bom!

Adorava cantar Meu Bem Querer com meu irmão Daniel. É bom que se diga, ele é um cantor profissional. Eu sou cantor de banheiro, mesmo assim ele se dignava a fazer a segunda voz enquanto eu mantinha a melodia original. O que a gente não faz pelos irmãos. 

Daniel é tenor como eu, mas o Davi é baixo. Eu sou um leigo metido à besta, mas só para explicar: baixo é a voz masculina mais grave. Não conseguia cantar uma música com o David. O tom era completamente diferente do meu. 

Djavan me aproximava do Daniel, que em algum momento da juventude, tinha o cabelo parecido com o do cantor alagoano. Hoje a cabeleira do Daniel não é mais tão vasta... Nem a minha. 

Adorei ver Djavan cantando no especial do Roberto Carlos. A sofisticação melódica dele continua sendo um desafio para quem ousa tocar e cantar suas músicas. 

Djavan também é responsável pelas frases mais bonitas e incompreensíveis da música popular brasileira. Acho que a mais clássica é: “Açaí, guardiã, zum de besouro, um ímã, branca é a tez da manhã”. 

Minha filha tem mais ou menos a idade que eu tinha na época do lançamento de Seduzir (ela está com 12 anos). Os tempos são outros. Ela não precisou de mim para fazer sua cabeça musicalmente. Clara Maria curte Rita Lee, Lulu Santos e até Novos Baianos, mas mistura tudo isso com Anitta e Pabblo Vitar. Os de hoje são artistas de muita atitude, em que a força está na forma direta da comunicação. Nossos tempos dispensam metáforas. Aliás, elas são até indesejáveis. Gastam tempo e banda no plano de Internet. 

Eu tinha a idade dela nos anos 1980, com disco de vinil, telefone analógico de discagem, que demorava um ano para dar linha. Algo parecido com celular, só no desenho dos Jetsons. Ela tem smartphone e banda larga. O inglês é uma segunda língua e o mundo está ao alcance de um “touch”. Não vai perder muito tempo com elucubrações do tipo “eu não sei se vem de Deus do céu ficar azul”.  A pegada é mais “nocauteou, me tonteou”. 

Cada um na sua, com a playlist que mais agradar. Nem pior, nem melhor. O importante é sentir que “Amar é perder o tom nas comas da Ilusão, revelar todo sentido”.


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