segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Tragédias nas praias: hora errada, lugar errado






Um policial à paisana reagiu a um assalto na Praia da Reserva. Bandidos armados arrancaram seu cordão de ouro. O policial começou a perseguir os assaltantes. Em fuga, os bandidos atiraram e a bala atingiu uma estudante.

Larisse Isídio da Silva estava com o namorado. Por volta das 9h20m ela e o namorado ouviram tiros. Quando a confusão passou, o rapaz percebeu que a moça tinha sido atingida.

O policial à paisana que reagiu ao assalto teve a pior atitude possível. Ele é um profissional da segurança pública, melhor do que qualquer um, sabe de todos os riscos que a reação a um assalto pode resultar.

Segundo depoimento ao site G1, ele achou que a arma era de brinquedo, pois estava descascada. Os tiros foram provocados por sua reação ao assalto. E Larisse, uma menina cheia de sonhos, está num hospital gravemente ferida.
O caso da estudante de 21 anos não sai da minha cabeça. Sua juventude lhe torna um pouco filha da gente. Sou professor há 16 anos. Vejo a batalha de muitas “Larisses” todos os dias. O brilho nos olhos de quem coloca o sonho numa tela e tenta reproduzi-lo traço a traço na vida real.

Larisse é vítima numa história que começou com a precariedade da segurança no estado. As praias são um dos pontos mais sensíveis da cidade durante o verão. No entanto, a certeza da impunidade é tão grande, que dois homens foram de moto à praia para assaltar, com a certeza que iriam conseguir se safar. Larisse é vítima também numa trama que passa pela reação impulsiva de um policial a um assalto, sabendo que aquilo poderia resultar num caso mais grave, como de fato resultou. O policial, que foi vítima de um assalto, arriscou a vida dele e a de dezenas de pessoas por um cordão de ouro. O individual na frente do coletivo.

Nesse ponto, as tragédias das praias se encontram. O atropelador da praia de Copacabana, Antonio de Almeida Anaquim, sofre de epilepsia. Em um vídeo exibido pelo Fantástico, ele diz que não é assassino. O homem explicou que teve um ataque no momento do acidente que matou um bebê de oito meses e atropelou 15 pessoas. No entanto, Anaquim dirigia com a habilitação cassada e omitiu sua doença na ficha do Detran-RJ.

O homem pediu perdão à família. Costumamos ser autoindulgentes e minimizar nossos erros. No entanto, apesar de não ter a intenção de matar, o fato de dirigir com a carteira cassada e não informar o problema de saúde o fizeram arriscar sua vida e de outras pessoas. E qual foi o motivo? Anaquim foi egoísta e, por isso, acabou com a vida de uma família. Sua omissão e egoísmo provocaram a situação.

Diante disso, nos resta torcer para não estar no lugar errado e na hora errada, como estavam as vítimas. Que a Larisse vença a batalha que está enfrentando. E que a família do bebê e as outras vítimas de Copacabana possam se recuperar da tragédia na praia.

    

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