quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Já dividi o palco com Tony Garrido






Meu filho quer aprender a tocar guitarra. Já comecei a procura pelo instrumento. Não sei se ele tem este talento. Uma vez, durante uma conversa, ele me disse que se pudesse escolher, todo mundo escolheria ser artista. Acho que ele está certo, eu, por exemplo, queria ser cantor. 

E nessa história, já dividi o palco com o Tony Garrido. Sim, é verdade. Foi em 1993. Deixe-me explicar antes que você ache que eu sou uma espécie de Forrest Gump. Meu irmão Daniel cantava numa casa de shows chamada Das Choppen, na Rua Real Grandeza, em Botafogo. 

Eu trabalhava com produção e para ganhar uma graninha, fui cuidar do som dos shows dele, uma espécie de roadie. Não tinha talento nenhum para isso, mas fazia o trabalho. 

O Tony cantava na Banda Bel, e tinha um trabalho paralelo com o Charles, guitarrista do grupo. Eles tocavam algumas vezes no Das Choppen e o som era do meu irmão. Então foi assim que o conheci. O Tony só foi para o Cidade Negra tempos depois. Bem, por causa do sonho de ser cantor, em algumas oportunidades subia ao palco na passagem de som e cantava um pouco. 

Lembro que num sábado, com a casa cheia, o Tony me chamou ao palco. Achei que era brincadeira. Não era, a gente cantou Ska, do Paralamas. Aquela que começa “A vida não é filme, você não entendeu...”. 

Se fosse hoje em dia, provavelmente estaria em algum celular. Estou escrevendo porque daqui a pouco, nem eu iria me lembrar ou mesmo acreditar. 

Cerca de um ano depois desse episódio, o Tony saiu da Banda Bel e foi para o Cidade Negra. Com Ronnie Marruda nos vocais, a Bel estourou com uma canção em homenagem em homenagem ao Romário. Foi um “chiclete” na época do Tetra. Quem era daquela época com certeza se lembra do refrão “É gol, e a galera a delirar...” 

A música estava estouradaça, o que me levou a pensar: “O Tony se deu mal, saiu da Banda Bel e os caras estouraram”. Não deu seis meses e o Brasil se apaixona por Aonde Você Mora, do Cidade Negra, com o Tony Garrido nos vocais. 

Mais de 10 anos depois encontrei o Tony num evento. Eu como repórter e ele como o vocalista do CIdade Negra. Ele me olhou e disse que se lembrava de mim de algum lugar. Ali na frente de vários jornalistas, não falei da pré-histórica parceria no palco em um barzinho em Botafogo. 

A vida é assim. O mesmo fato tem diferentes significados para quem viveu. Cantar Ska, naquele sábado, com Tony Garrido, num barzinho na Zona Sul,  foi meu auge como cantor. Para ele, foi o começo de uma estrada que o levou a lugares bem mais longínquos. Não deixou de ser um ato generoso, apesar de não ter sido especial para ele. 

Vendo as apresentações do Tony Garrido naquele bar em Botafogo era fácil prever que ele iria estourar.  Já ouvi muita gente que cantava bem, mas aquele algo especial só alguns possuem. Ele era um dos que possuía. Bem, como vocês puderam perceber, não segui carreira como cantor. Poupei o Brasil de ouvir minha voz. Quer dizer, mais ou menos. Andei “cometendo” algumas vinhetas na Rádio Globo. A última, a que anunciava Paulo Vinicius Coelho, o PVC. Mas era na plástica antiga, já está fora do ar para a sorte de vocês. 


2 comentários:

  1. Mas essa história poderia começar antes no tempo, nos tempos de saraus no CEFET... Voce lembra, lembra? Naquele tempo você tinha estrelas no olhos...

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    1. Verdade. Era mais forte e veloz. Um abraço, amigo da vida inteira.

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