quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O que a gente tem que levar na mala para uma boa viagem


Meu amigo e mestre Giovanni Faria fez o caminho de Santiago de Compostela algumas vezes. Ele me explicou que uma das primeiras lições do caminhante é sobre o que se leva na mochila. 

Se não estou enganado a bagagem deve ser de 10% do próprio peso. Mais do que isso, a jornada que é árdua, fica mais complicada. 

Então, a busca é para que você viva com o estritamente necessário naqueles dias em que empreende a caminhada rumo ao âmago do seu pensamento. 

Estamos cada vez mais empanturrados de sapatos, calças e aparelhos eletrônicos. O importante é ter. Uma amiga, assumidamente consumista, contou a reprimenda que levou da mãe. Minha amiga enchia a filha de presentes. A sábia senhora lhe puxou a orelha e disse: “você nem espera a sua filha desejar”. 

Desta forma passamos aos filhos nossa ideia de “bagagem em excesso”. Outro dia vi um programa a em que uma celebridade abria o guarda-roupa e havia 77 calças e 102 pares de sapato. 

E o que é pior, não é necessário ser uma celebridade para ter números absurdamente altos em seu guarda-roupa. 

E nessa toada, vamos de carro a todos os lugares e temos três blusas praticamente iguais no armário. Acho que o pior sintoma desta síndrome é quando você se depara com uma peça de roupa que nem lembrava ter adquirido. 

As redes sociais estimulam esse comportamento. Aqui não vai nenhum clichê sobre o desapego. Mas vejamos  você tem 400, 500 amigos no Facebook. No momento de tomar aquele chopp, conversar sobre um problema, com quantos destes 500 você pode mandar um “inbox” ou mesmo ligar e falar (essa coisa tão ”velha guarda”)? Se você tiver sorte, 30 destes 500 são amigos desse tipo. Os outros 470 fazem parte da sua rede, são integrantes do seu “networking”. 

Você pode acabar se decepcionando se quiser levar esses 470 na “mochila”. O transporte deles pode deixar a jornada mais pesada. 

Um dos problemas que essa rede pode fazer para deixar a mala mais pesada é a mania de dar opinião e criticar o que você pensa. Aqueles 30 farão isso para ajudar, os outros 470 darão opiniões inconsequentes, pois afinal, você é apenas um peso a mais na mochila deles. 

Há um velho filósofo, chamado São Ptolomeu. Ele tem um evangelho perdido e de vez em quando saco alguns de seus pensamentos para nortear a minha caminhada. 

Hoje me despeço com uma das passagens de seu evangelho encontrado há 47 anos em Creta. A frase é a seguinte: Sorrir, sorrio com muitos. Chorar, choro com poucos. 


Então escolha o que você vai levar na bagagem. A jornada fica mais fácil se a gente entender o peso que deve levar. 

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