terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Voltando ao Negão do WhatsApp








Dois amigos levantaram questões importantes sobre o texto de ontem que tratava das três demissões ocorridas na empresa Salesforce. Tudo aconteceu depois da divulgação de uma foto em que um funcionário se fantasiava de Negão do WhatsApp. 

Um amigo questionou minha frase “és responsável por aquilo que publicas”. Ele observou que a foto pode ter sido postada por um terceiro e o funcionário fantasiado acabou punido e nada aconteceu a quem publicou. 

Os argumentos do meu amigo/leitor fazem sentido, mas gostaria de concordar apenas em parte e até relativizar um pouco. 

Ao se fantasiar de Negão do WhatsApp e simular ter um falo desproporcional, o funcionário sabia do risco da imagem parar em alguma rede social. Expor-se ali era admitir estar na timeline de alguém. Logo, vamos classificar o caso como “exposição passiva”, ou seja, a postagem não foi dele, mas a exposição poderia estar nas redes sociais, então ele assumiu o risco. 

Para deixar minha frase mais abrangente vou acrescentar algumas palavras. Eu fiz uma analogia com a frase antológica do livro O Pequeno Príncipe, em que a Raposa diz: “és responsável por aquilo que cativas”. Minha atualização foi: “és responsável por aquilo que publicas”. Vou mudar então “és responsável por aquilo que publicas e deixas mostrar nas redes sociais”. 

Outro tópico de discussão a surgir é: se a postagem for maldosa, com o claro objetivo de prejudicar alguém, como no caso da tão atual Fake News? Sob esse aspecto, é cada vez maior a importância de um jornalismo profissional sério, com apuração e checagem. Difundir por todos os canais apropriados a importância de não se acreditar em tudo que sai no Twitter, Facebook e WhatsApp. Claro que a missão é complicada, quando o homem mais poderoso do mundo usa e abusa de Fake News. 

E o pior, o ano de 2018 promete. As eleições no Brasil serão semelhantes a uma briga de faca no escuro. Polarizadas, exacerbadas e imprevisíveis. Lembro que em 1989, no debate Collor X Lula, o Caçador de Marajás disse que o aparelho de som do operário era mais moderno do que o de sua casa em Alagoas. Tinha também a história de que Lula iria confiscar a poupança. Podemos dizer que Collor foi um pioneiro nesta história de Fake News. 

Voltando a falar da polêmica do Negão do WhatsApp corporativo, um outro amigo/leitor me chamou atenção que o problema teria sido mais grave pelo fato do funcionário ser uma pessoa branca se fantasiando de negro, do que pelo moralismo do falo fake à mostra. 

Bem, o racismo é algo ainda muito mal resolvido nos EUA. Há poucos meses uma passeata de supremacistas brancos indicou que a luta de tanta gente como Rosa Parks e Luther King está longe de acabar. 

Sendo por questões raciais ou por moralismo puritano, o fato é que funcionários de uma empresa que trabalha com marketing, como é o caso da Salesforce, não podem escorregar em algo tão elementar nos tempos da Sociedade da Vigilância: nada que você faz em grupo fica escondido por muito tempo. 

Abaixo o link do texto, ao qual me referi nesta postagem hoje. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário