segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O para-brisa é maior do que o retrovisor (Feliz Ano Novo)


São possíveis muitas analogias entre a vida e o caminho. Como são entre caminho e estrada e entre estrada e viagem. As viagens também são aventuras. Logo a vida é caminho, estrada, viagem e aventura. 

E nessa estrada o para-brisa é maior do que o retrovisor. Não conheço um clichê mais apropriado para definir a vida no dia primeiro de janeiro. O para-brisa é a tela de tudo que está por vir. É o que vai se descortinando. A cada curva, uma imagem diferente, uma oportunidade de acostamento ou um carro parado, que a gente tem que evitar a batida. 

Dirigir olhando para o retrovisor é acidente na certa. Inclusive porque o que a gente viveu, vai ficando cada vez menor no espelho. Só guardamos o que ficou na alma, seja uma mágoa ou um amor, uma derrota ou o mais pleno êxito. 

No entanto, olhar para o retrovisor é importante, principalmente se a gente muda de ideia. Tem que ligar a seta, olhar o espelho e mudar de pista. Sem o exame no retrovisor, corremos o risco de ser apanhados pela trajetória de algo que pode até acabar com a viagem. 

Aliás, o viajante tem que estar abastecido com boas doses de resiliência, generosidade e humor. Não se leve tão à sério, motorista. Você também comete imprudências, barbeiragens e manobras erradas. 

Às vezes, viajar em comboio dá a sensação de que os outros motoristas são muito lentos. Na verdade, a gente deve se adequar ao ritmo da estrada. Não dirigimos sozinhos. 

E nessa viagem, aventura, estrada e caminho sempre pode surgir um novo sabor. Demorei 46 anos para descobrir o gosto da lichia. Olhei para ela, achei que parecia um morango, descasquei como tangerina e o gosto me lembrou o de uma uva. 

Então é isso, o novo pode ser uma mistura de sensações conhecidas que resulta em algo diferente, único. 

Vou comprar uma caixa de lichias, colocar no banco do carona e sempre que achar que já tinha visto e provado de tudo, vou comer a fruta e me lembrar: sempre há algo novo para saborear. 

Porque a disposição para enriquecer o paladar está dentro da gente, a mudança de ano é uma convenção. A melhor “placa de caminhoneiro facebookiana” que li foi: “não é o ano que tem que ser melhor, quem tem que melhorar é você”. 


Continue na estrada, respire, respeite a sinalização e o ritmo dos outros motoristas. Viaje nas maiores aventuras, não se leve à sério e coma lichia. Você tem tudo para melhorar e fazer um 2018 diferente. 

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