quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Febre amarela: quem paga o pato é o macaco




Matar macacos com medo que eles transmitam febre amarela fala muito da doença humana. Essa doença a qual me refiro tem a ver com ignorância, maldade e intolerância.

Como nasceu essa notícia falsa que fez as pessoas confundirem o papel do macaco, que é vítima, com o de vilão? É a tal história, alguém ouviu mal, ou não interpretou direito alguma notícia. Aí a falsa informação começou a se espalhar pelas redes sociais. E no fim deu-se a matança de macacos. 

Diante de tal imbecilidade, é bom destacar uma sentença óbvia. O ser humano tem uma importância fundamental neste planeta. Ele deve proteger fauna e flora, além de proteger a si mesmo. No entanto, invadimos o espaço que era da natureza. Não usamos uma agricultura racional, queimamos plantações e derrubamos árvores.

Outro dia caminhando pelo Parque Lage, percebi a mudança de comportamento dos macacos do local. Antigamente, eles ficavam mais escondidos na mata por trás do casarão. Hoje, eles chegam até a porta do parque. Fiquei chocado, como eles comem plásticos, sacos de biscoito e reviram as lixeiras. Mudamos a dieta dos macacos. Parabéns a todos nós envolvidos no processo.

A febre amarela estava erradicada, no entanto, por uma série de descuidos dos controles de saúde, a velha conhecida voltou.  Aí o macaco, que não tem Ministério da Saúde, não tem ex-governador ladrão e nem deixa água parada em casa, leva a picada do mosquito e morre, já que não tem vacina suficiente nem para o bicho homem, quanto mais para o macaco.

O ser humano, desinformado vai lá e mata o macaco. Nesta história, quem paga o “pato” é o macaco, com trocadilho infame, por favor. Se ficar o mosquito ataca, se correr o homem mata. Tá feia a coisa para os símios. 

Nossa relação com os macacos é mal resolvida. Eles são primatas como nós. Tem gente que tem vergonha de qualquer possibilidade de parentesco. Numa boa, os macacos é que devem ter vergonha da gente. 

Do que adiantou aprender a ler, escrever, falar, andar ereto e vestir roupas? Não sabemos ler o que escrevemos e usamos as palavras para ofender e destruir. 

Essa matança de macacos é um caso clássico de dar pouco valor à vida. Antes de se informar melhor, o homem prefere matar o macaco à pauladas ou envenenando-o. 


Morre mais um pouco a humanidade, envenenada em seu desrespeito pela vida, sua ignorância e sua intolerância. 

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