segunda-feira, 2 de abril de 2018

As muitas perguntas não respondidas do caso Isabella Nardoni


Vinte e nove de março de 2008, a menina Isabella Nardoni é encontrada no jardim do Edifício London, em São Paulo. O crime que chocou o país completou 10 anos há pouco. No entanto, até hoje, o que aconteceu no apartamento 62 permanece um mistério. O fato é que uma menina inocente de 5 anos morreu barbaramente. 

O pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Ana Carolina Jatobá, foram condenados em júri popular e cumprem pena em unidades do estado de São Paulo. 

O jornalista Rogerio Pagnam debruçou exaustivamente para tentar jogar um pouco de luz no caso. Ele lançou o livro O pior dos crimes- A história do assassinato de Isabella Nardoni. A obra lançada pela Editora Record foi fruto de uma pesquisa de 5 anos. Pagnam trabalha na Folha de São Paulo e estava de plantão no fatídico dia. 

Tive a oportunidade de fazer um podcast em que debati o caso com ele e com o editor da Record Carlos Andreazza (https://m.soundcloud.com/editora-record/001-o-pior-dos-crimes). 

Pagnam aponta uma série de erros cometidos pela polícia paulista. Dentre os absurdos na apuração do caso, existe até a história de uma perita que se declarou mestre e doutora, mas a universidade em que ela disse ter feito os cursos não encontrou os certificados. 

O papel midiático do Ministério Público de São Paulo também é destacado no livro. É reportagem de primeira. Apuração trabalhosa. Esmero em perseguir várias pontas da história e entregar ao leitor. 

O livro traz muitas perguntas, provas que foram, no mínimo, deturpadas. Não sou especialista, mas parece haver elementos suficientes para reabrir o caso. 

Há uma questão que me perturba desde que li o livro. Alexandre e Ana Carolina foram condenados e a pena se estendeu aos dois filhos do casal. As duas crianças evitam usar o nome Nardoni e relataram caso de exclusão na escola. 

Nada é mais cruel do que a morte de Isabella, no entanto, a condenação compulsória que os filhos do casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá fala muito sobre a falta de empatia. 

As duas crianças pagaram também pela morte da irmã. Mesmo que você tenha convicção que Alexandre matou a filha, fica um gosto de fel danado na boca por causa da condenação “colateral” das crianças. 

A morte de Isabella Nardoni condenou duas pessoas. No entanto, o que aconteceu só será conhecido no dia que Alexandre e Ana Carolina resolverem falar. O livro mostra que a peça de acusação montada pela polícia e o MP de São Paulo tem muita especulação e poucas provas. 


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