sexta-feira, 6 de abril de 2018

O Brasil que eu quero


O projeto Brasil que eu quero da TV Globo encerrou a edição do Jornal Nacional  de quinta-feira 5 de abril com seis mensagens. As três últimas foram com pessoas dizendo que queriam um Brasil com menos corrupção. Uma delas chegou a falar que políticos corruptos deveriam ser banidos. 

O jornal, como não poderia deixar de ser, foi fortemente pautado pela decisão do dia anterior do STF, em que o plenário rejeitou o Habeas Corpus pedido pela defesa do ex-presidente Lula e pela ordem de prisão que o juiz Sérgio Moro expediu contra o petista. 

A prisão de Lula foi uma decisão que passou pela mão de 15 juízes. O que aparentemente seria um sinal de ampla defesa. A decisão sepulta qualquer chance de Lula disputar as eleições de 2018. Honestamente, acho que não dá para dizer que sepulta sua carreira política. Talvez ele já esteja solto para disputar o pleito de 2022. Terá 77 anos, não sei se haverá saúde para a empreitada. Mas irá cultivar a imagem de preso político. Talvez o tiro na jararaca tenha deixado o animal político com graves ferimentos, mas não foi fatal. 

Voltando ao JN, pode até ser coincidência a entrada dos depoimentos que falavam de corrupção no dia em que os fatos sobre a prisão de Lula dominaram o jornal. Os depoimentos reforçaram a construção de uma narrativa. A narrativa da limpeza geral, que de modo algum é verdadeira, mas precisa ser brandida. 

A edição do jornal trouxe ainda a informação que os tiros na caravana de Lula no Sul foram disparados com uma distância de 18 metros e a 4 metros de altura. Os tiros atingiram a lataria de cima para baixo. O laudo da Polícia do Paraná reforça as suspeitas de atentado para quem acredita em atentado e as suspeitas de armação para quem acredita em armação. 

E lá vamos nós cada vez mais empedernidos em nossas convicções, sem conseguir ouvir o que o outro tem a dizer. Ninguém consegue construir diálogos ou pontes no meio dessa cacofonia de opiniões. 

De fato hoje é um dia histórico. Como foram 24 de agosto de 1954 e 1º de abril de 1964. Se você não liga as datas aos nomes e eventos, deveria se informar mais um pouco. 

Lula está fora do páreo. Pois não estará na cédula, mas ê impossível aos adversários fazer cálculos políticos sem colocar o “fator Lula” na conta. A decisão da justiça embaralha completamente a corrida presidencial. Será que encarcerado será capaz de transferir votos para seu substituto na vaga de candidato do PT? Quem será herdeiro do espólio de votos do líder petista?

Como ficará o país depois da primeiro prisão de um ex-presidente brasileiro. Haverá a convulsão social que muitos dizem? A prisão vai desidratar o mito, ou fermenta-lo? 

Acho que o adversário de Bolsonaro no segundo turno ainda não surgiu. Não há outros candidatos com votos expressivos. Bem, há um candidato capaz de enfrentar o capitão da reserva. Não sei se ele vai se convencer disso. Quem acompanha este espaço sabe quem é minha aposta: FHC. 

Vamos olhar os próximos passos da justiça para saber se ela foi corajosa ou se foi apenas seletiva. 

O Brasil que eu quero é governado por um presidente eleito, tem juízes técnicos e menos exibicionistas, políticos íntegros e justiça universal para prender quem merece ser preso e garantir amplo direito de defesa a todos. 








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