quinta-feira, 26 de abril de 2018

Ser pai de adolescente é...

Amigos, filho não vem com manual de instruções. Sim, isso eu já sabia. No entanto, na adolescência os hormônios ficam em fúria, a velocidade do raciocínio aumenta exponencialmente e a capacidade de contestação vai a níveis indescritíveis. 

Sente-se com seu filho adolescente e tente levar uma conversa mais séria e elaborada sobre essas coisas chatas da vida. Algo como: “você precisa estudar”, “aprender a dividir seu tempo”, “largar o celular”, ou ainda dar conselhos como mandá-lo sair de casa e tomar um sol. 

Se você der sorte, encontra uma resposta silenciosa ou distante. Mas se os tais hormônios descritos acima estiverem no modo ativo, sai de baixo. 

A adolescência é um desencaixe. A começar pelas feições. É aquela idade em que o nariz cresce antes do resto do rosto, as orelhas também. A voz varia de um grave Vincent Price e um agudo Edson Cordeiro, no caso dos meninos. Algumas meninas já começam a encarar as vicissitudes da TPM. 

Este desencaixe transforma aquele ser risonho de outrora numa pessoa aborrecida. E aos pais resta ter muita paciência. Não tem outro remédio. Se tem, o detentor da fórmula ficaria milionário. 

Certa vez, ouvi de uma psicóloga, uma frase que até agora não sei se concordo: “meu chapa, você é pai, não é amigo. O limite quem vai dar é você. Tem espaço que só são ocupados pelos amigos”. 

Tento então uma utopia? Ser amigo do meu filho e ao mesmo tempo dar limites e educar? Realmente, o trabalho sujo, o de lembrar ao cidadão ou cidadã de quem se é progenitor de todos os códigos de ética e responsabilidade, não pode ser terceirizado.  Mas a amizade só será reatada no períodos pós-adolescência? 

Prefiro acreditar que não. Que a gente consegue permanecer amigo mesmo depois de todas as batalhas campais cobrando responsabilidades e compromissos. Numa boa, olhar o crescimento deles é recompensador. 

No entanto, a adolescência é um período de aprendizado também para os pais. Pois nós temos que praticar o desapego da ideia de que filhos são versões melhoradas da gente. Temos que aceitar que filhos não são versões, são obras originais que vão gravar sua marca no mundo. 

Tem um momento que a gente é só o farol, na ponta da praia para iluminar o caminho. Não somos o motor do barco, apenas o colocamos para navegar. 

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