quinta-feira, 22 de março de 2018

Mas isso aqui é Brasil

E as águas de março resolveram fechar o verão com atraso, pois estamos no terceiro dia de outono. A força da natureza é incontestável, mas os governantes deram uma força pra o caos que se instalou. 

Minha filha, por exemplo, cumpriu o percurso de cerca de 5 quilômetros que separa a escola de casa em cerca de uma hora e meia. 

As turmas da universidade que dou aula, estão mais vazias. Não, os alunos não são de açúcar. A cidade é que não está preparada para o aguaceiro. O Rio Rainha, que corta o campus da PUC, tinha uma forte correnteza. Dava até pra tentar um rafting. 

Chuva também é uma oportunidade de ganhar dinheiro explorando as necessidades de última hora dos incautos. Meu amigo e mestre Giovanni Faria foi almoçar no intervalo entre as aulas. 

Como saiu de Niterói muito cedo, não levou guarda-chuva. Quando se dirigia ao shopping encontrou um vendedor de tão almejado objeto em dias de chuva. Era um daqueles bem vagabundos que não resistem  à intempéries gabaritadas. 

Giovanni se dirigiu ao vendedor e perguntou: “quanto está a sobrinha?” “Vinte reais”, respondeu deu o ambulante. Giovanni retrucou: “mas na Barca Rio-Niterói custa 5 reais. O homem que vendia deu argumento definitivo: “mas isso aqui é Gávea”. 

Fiquei pensando no aumento do IPTU imposto pelo alcaide. Quando a gente fosse questionar ele poderia responder: “mas isso aqui é Rio”. 

Procuro encontrar coerência na resposta pratica do vendedor de guarda-chuva, e na hipotética do prefeito. 

Nada me veio à cabeça, a não ser outra situação. Quando perguntado porque deu hábeas corpus ao pai da afilhada de casamento, o ministro Gilmar Mendes responderia: “mas isso aqui é Brasil”. 

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