quarta-feira, 28 de março de 2018

O atentado no Paraná

Amigos, vamos dar nome aos bois. O que aconteceu no sul contra os ônibus da caravana do ex-presidente Lula tem um nome: atentado. “Ataque a ônibus da caravana” ou “Tiros são disparados contra a caravana de Lula” foram eufemismos usados pelos grandes jornais para abordar o caso. 

Se nas redes sociais a aniquilação do adversário já era uma prática, o que o mês de março está ensinando aos brasileiros é isso: agora as diferenças são resolvidas à bala. 

Depois do crime bárbaro contra Marielle Franco, o que aconteceu na cidade de Quedas de Iguaçu é mais uma tentativa de ferir de morte a democracia. 

Aí ficamos sabendo de mais um ato de horror neste cortejo de absurdos. Em vez de se solidarizar, ou buscar um discurso apaziguador, o deputado federal Nilson Leitão, líder do PSDB na Câmara, disse ao Estadão que os tiros foram uma armação do PT para se fazer de vítima!

Se duvidasse da autenticidade da agressão, o nobre parlamentar deveria se limitar a dizer um protocolar “vamos esperar o resultado das investigações da polícia”. Em vez disso, Leitão colocou mais álcool na fogueira da intolerância política que cada vez fica mais forte no país. 

As coisas não vão bem. O repórter do Globo que cobria a caravana foi agredido por apoiadores do ex-presidente. Ato de covardia, violento que em nada ajuda a busca por um país melhor e mais justo. 

A temperatura só aumenta. E aí o que faz  o líder, veja bem, o líder do PSDB na Câmara? Diz que o atentado foi armação. Acho que alguém deveria desenhar para este senhor uma coisa. Esses tiros podem ser o estopim de algo imprevisível e incontrolável. Se os líderes não fizerem um armistício, não disserem que as disputas devem ocorrer no voto, que adversários devem ser derrotados e não exterminados, os asseclas vão partir para as soluções radicais. 

Enquanto isso, vamos torcer pra não estar no caminho de criminosos que veem na solução violenta o remédio para solucionar as diferenças. 

Em tempo: no dia vinte e seis de julho de 1930, João Duarte Dantas entrou numa confeitaria na cidade de Recife e assassinou João Pessoa. O sobrinho do ex-presidente Epitacio Pessoa comandava o estado da Paraíba e era vice na chapa de Getúlio Vargas. Os historiadores consideram seu assassinato o estopim que levou à cabo o golpe que colocou Vargas no poder em 1930. 


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