segunda-feira, 12 de março de 2018

Relacionamentos que nos fazem mal

Jantava com pessoas queridas e começou uma conversa sobre amores bandidos. Duas das moças sentadas na mesa contaram suas experiências na área. 

Quarenta anos separava uma história da outra. A mais experiente contou que a família toda se mobilizou para que ela se separasse do rapaz. 

Ela contou que durante um tempo, teve que sair do trabalho acompanhada por um segurança, já que o agressor andava com uma  faca de cozinha dizendo que a mataria. 

Depois foi a vez da mulher mais nova. Ela disse que no seu caso a perseguição era pelo telefone. Ela revelou que o homem ligava para o trabalho dela várias vezes ao dia é telefonava para a casa dela de madrugada. Um horror!


Os pais e os amigos disseram muitas vezes que ela deveria se livrar do agressor, mas a liberdade só veio quando viu o homem quase agredir seriamente o filho criança. 

Fiquei pensando no que nos faz continuar relações que nos fazem mal. Qual o tipo de auto-sabotagem que empreendemos no prolongamento de histórias fadadas ao fracasso?

Minhas duas interlocutoras sofreram com relacionamentos amorosos. Porém, é possível traçar paralelos em vários campos. Um exemplo, um grupo de amigos. 

Em algumas oportunidades o grupo que você sai constantemente forma um círculo vicioso. Quem sou eu pra duvidar da amizade. Na verdade, meus amigos me salvaram algumas vezes. 

O problema é que o grupo, em muitas oportunidades, lhe coloca em posição de fragilidade e você não consegue reagir. 

Eu sofri um bullying muito sério quando tinha 14 anos. As pessoas do grupo que eu andava começaram a usar meu nome como sinônimo para as derrotas em todos os campos. 

Você é um “Creso” passou a ser uma ofensa. E a coisa se espalhou. A situação me irritava demais, no começo tentei ser indiferente. Com o tempo fui me irritando profundamente e me sentindo muito mal. 

Não sei como ganhei força, aos 14 anos, mas reagi. Esses atos não são naturais. Fui à casa de um amigo, escrevi uma carta (que coisinha século XX) dizendo o quão absurdo e cruel era o que eles estavam fazendo. 

Decidi que a partir daquele momento não andaria mais com aquele grupo. Obviamente, voltei a falar com eles, mas desisti de fazer parte daquela patota. Fui cuidar da vida. 

Tive outros interesses, conheci novas pessoas, ampliei meus horizontes e passados mais de 30 anos, não tenho mágoas pelo episódio. 

Acho que foi à primeira vez que provei a mim mesmo que tinha forças para reagir a situações adversas. Não foi fácil, nunca é, mas entendi que o mar é grande e há várias rotas para navegar, algumas são mais próximas da costa, outras são bem depois da arrebentação. 

No momento, a relação que mais me angustia é com a comida. Adoro carne, deve ser algo atávico. Se eu fizer alguma regressão, vou descobrir que estava no primeiro grupo de hominídeos que matou um búfalo pré-histórico para servir de alimento. 

Já descobri, por exemplo, que ir à churrascaria é o meu “amor bandido”. Sei que me faz mal, no entanto, insisto nesta relação. 

Este ano consegui resistir a todas as tentações que me levariam ao templo de esbanjamento da proteína. Não foi fácil. Se você não tem essa fissura por carne, tente pensar naquela vez que você brigou com a namorada e queria ligar ou receber um telefonema que significasse reconciliação. 

Pois é, acho que eu e a churrascaria nunca nos acertaremos. A solução é evitar para não passar mal.

Voltando aos relacionamentos amorosos.  A relação com um abusador, ainda mais quando a vítima é a mulher,  tem que ser descoberto o mais rápido possível. 

Formas de detectar? Gritos, beliscões, ciúme obsessivo são sintomas. Não é normal levar uma apertão no braço. Não é normal agredir verbal ou fisicamente. 

Se presenciar um comportamento deste tipo denuncie.

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