segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A troca da farda pela toga

A delação de Antônio Palocci ser divulgada na semana que antecede a eleição é uma tentativa da Justiça Federal do Paraná de influenciar o jogo político. A exemplo do que fez quando trechos de uma conversa de Dilma Roussef foram vazados mesmo depois de suspensa a quebra do sigilo telefônico em que elas foram conseguidas, Sérgio Moro voltou a usar ardis jurídicos para se manter em evidência e conseguir seus objetivos, no caso, agir contra o PT. 

Durante os 100 primeiros anos da República brasileira, as instituições militares, principalmente o Exército, se arvoraram a resolver arbitrariamente o jogo político. Agora é a vez dos juízes. Então nessa nossa frágil democracia trocamos a farda pela toga. O Ministério Público não quis homologar a delação, numa arenga que dura 7 meses. E agora, o juiz Moro divulgou os trechos dela. 

Quanto às revelações, terão que ser geradas provas. São declarações que tentam incriminar Lula, Dilma e José Dirceu, que já foram diversas vezes citados em delações. Não há nada de muito novo. Talvez seja esse o motivo do próprio MP não ter aceito a delação. 

E a última semana de campanha  segue firme, com mais uma pesquisa de intenção de votos. Bolsonaro teve um crescimento espetacular a esta altura da corrida. Subiu 4 pontos percentuais num momento em que os adversários contavam com a sua queda. Esses 4 pontos de subida podem indicar que o voto útil anti-petista vai se antecipar para o primeiro turno. 

Como Haddad, Ciro e Alckmin mantiveram os números da semana passada, é possível que os indecisos que não votariam em Haddad tenham ido na direção do candidato do PSL. 

A pesquisa só trouxe boas notícias para as hostes bolaonaristas. O candidato aniquilou a vantagem que Haddad tinha nas simulações de segundo turno. O Ibope da semana passada trazia 42 X 37 para Haddad. A pesquisa divulgada nesta segunda trouxe o empate de 42 X 42. Outro dado significativo foi a rejeição de Fernando Haddad ter aumentado 11 pontos percentuais. Agora, 38% dos eleitores não votariam em Haddad de forma alguma. Bolsonaro manteve a rejeição de 44%. 

Analistas dizem que o candidato do PT vai se dedicar ao Triângulo das Bermudas (RJ, SP e MG) para tentar recuperar p voto da classe C emergente e diminuir a diferença para Bolsonaro. 

É possível que a desidratação de Marina esteja diretamente ligada ao voto dos evangélicos, que em 2014 esteve com ela, e nesta eleição partiu em direção ao candidato do PSL. O líder da Universal, Edir Macedo, declarou apoio a Bolsonaro, por exemplo. 

Esta semana deverá entrar para a história como a semana da traição a Geraldo Alckmin. Os partidos do Centrão vão começar a abandonar o barco tucano. A candidatura do ex-governador de São Paulo nunca decolou. E de acordo com alguns especialistas, a traição mais evidente é a de João Doria. O candidato do PSDB ao Palácio Bandeirantes estaria vendo com bons olhos um voto “Bolsoria”. 

A esquerda pós-impeachment está voltando aos índices que tinha antes das eleições de 2002. Os 21% de Haddad, somados aos 11% de Ciro atingem a faixa de 32% do eleitorado registrada em 89, com a soma de Brizola e Lula, em 94, também com Brizola e Lula, e em 98, com Lula e Ciro. 


Será uma semana para testar cardíacos, como o escriba deste texto. 

2 comentários:

  1. Quando se comparao que foi divulgado da relação do Palocci as relações dos empresários, que deram valorese números de contas dos diversos agentes públicos, está delação parece fofoca de Candinha.

    De novo apreensãoo momento político.

    ResponderExcluir
  2. Pois é caro amigo, o PODER Judiciário a muito que tenta e consegue influenciar nos fatos políticos e rumos da nação, pois "nunca na história desse país" por exemplo, um político que tenha sofrido impeachment manteve os direitos políticos, como a ex-presidente Dilma Roussef. Por coincidência, o mesmo ministro do STF que na época como presidente do STF tomou essa decisão inédita, é o mesmo que agora liberou entrevistas no cárcere do ex presidente Lula...

    ResponderExcluir