terça-feira, 23 de outubro de 2018

Meus erros e minhas mágoas

Árvores não erram. Pelo simples fato que árvores não agem. Árvores não magoam, porque as árvores não são agentes, são sempre passivas em relação ao homem. 

Homens erram. E o erro tem que estar previsto no cálculo. O erro é a porção realista do homem. Nos sonhos, as contas estão certas, as palavras exatas e os sentimentos previsíveis. 

O erro é o necessário afastamento do divino. Os erros nos fazem valorizar os acertos. Os erros são o outro lado do balizamento. Errar é uma forma de aprender. 

O erro é inevitável e está à espreita. Espera o cochilo do certo para entrar em ação. Às vezes nem aguarda a ausência do certo e se faz convidado indesejado da festa. 

A mágoa é um erro. O homem magoa. A mágoa é o necessário afastamento do divino. A mágoa pode ser uma maneira de aprender. A mágoa nos coloca em perspectiva com os nossos sentimentos. 

Magoados, perdemos a inocência. Percebemos que quem amamos também pode nos fazer mal. A mágoa é remédio amargo, muitas vezes necessário para sair da zona de conforto. 

Magoamos sem intenção. Assim como erramos querendo acertar. A mágoa espera o cochilo do amor para entrar em ação. Um caminho completamente errado é uma caminhada em círculos. A mágoa quando facilmente sentida perde o efeito profilático. 

Que a mágoa e o erro tenham a serventia do contraste nos exames de imagem. Ajudando a encontrar o problema que aflige o organismo, sem impedir o resto da jornada. 

Que os erros não me façam tropeçar, que as mágoas não me façam estancar. Que os erros não me façam magoar e que as mágoas não me ceguem para o que eu vier a errar. 

Afinal é tudo estrada, é tudo escola, é tudo troca constante de paisagem, até que um dia o porto chega e a gente zarpa para outro lugar. 

Um comentário: