segunda-feira, 29 de outubro de 2018

E agora, esquerda?

O PT deu a nítida impressão de que “correu para não chegar”. Fernando Haddad foi largado à própria sorte no segundo do turno. A prioridade para o PT era brigar por Lula, a vitória eleitoral se viesse até seria bem-vinda, mas não era o primeiro item da lista. 

Quando disse que o melhor presente que poderia dar a Lula era tirá-lo da cadeia, Gleisi Hoffman deu a senha. Foi um tiro no pé da campanha de Haddad. O ex-prefeito de São Paulo foi um soldado do partido. Mas o fogo amigo de Gleisi a um dia da eleição foi quase um tiro de misericórdia. 

O PT elegeu quatro governadores e a maior bancada da Câmara. Poderia ser motivo para comemoração, mas não é. Confinado no Nordeste, o partido deve apostar em outros nomes para voltar a ter relevância no Sudeste. Lula está preso, alijado do jogo político. Depois de 38 anos, o Partido dos Trabalhadores terá que pensar na vida pós-Lula. 

Na Região mais populosa do país, Bolsonaro abriu mais de 10 milhões de votos. O desempenho no Brasil rico garantiu a vitória do capitão. 

Fernando Haddad sai do pleito como o nome da mudança do PT. Se o partido quiser chegar a algum lugar, terá que afastar os desgastados Rui Falcão, José Dirceu e Gleisi Hoffman. Oxigenar será a única solução para continuar a existir. 

Além do fogo amigo petista, Haddad ainda enfrentou o corpo mole de Ciro Gomes e Marina Silva. O ex-prefeito de São Paulo sai da eleição maior do que entrou. Recebeu 47 milhões de voto. É um capital que deve cuidar para as próximas eleições. 

PSB e PDT também procuram o quinhão do espólio da esquerda. Os socialistas não lançaram candidatura própria, não se coligaram ninguém para a disputa do Planalto.  A estratégia quase deu certo em São Paulo. Mais um pouco e Márcio França teria conseguido tirar o Palácio Bandeirantes do PSDB. 

O PDT continua um partido sem identidade depois da morte de Leonel Brizola. Isso pode ser explicado pela própria falta de identidade de Ciro Gomes. O partido fundado pelo velho caudilho não tem capilaridade. Se antes tinha RS e RJ, hoje não passa de nanico nos dois estados. 

No mais, é catar os cacos e se preparar para o que vem. O governo Bolsonaro é imprevisível, tendo em vista que suas propostas são vagas. Os governadores da oposição não devem esperar um tratamento dos mais amistosos do presidente eleito. Bolsonaro tem um projeto de poder com pouca tolerância para a oposição. Na nova ordem: “focos de resistência devem ser debelados”. 

Um comentário:

  1. Haddad deixou de ser aposta para se tornar o grande nome do novo PT. Vamos ver se o partido vai deixar.

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