terça-feira, 16 de outubro de 2018

O que nos aguarda?

“Às favas com todos os escrúpulos de consciência”. A frase foi proferida por Jarbas Passarinho no dia 13 de dezembro de 1968. A pior sexta-feira 13 da história republicana marcou a decretação do AI-5, o golpe dentro do golpe militar brasileiro. 

A cínica e infeliz frase de Passarinho ganha 50 anos depois uma adaptação: “às favas com todos os escrúpulos da vergonha”. O Brasil de 2018 perdeu a vergonha de ser misógino, xenofóbico, racista e fascista. 

Se havia alguma dúvida nisso, as suásticas pintadas na fachada da igreja de Nova Friburgo e numa sala de aula da PUC as retiram. É bom reiterar que nem todas as pessoas que votam em Jair Bolsonaro são fascistas, mas todos os fascistas estão alinhados com o candidato do PSL. 

Um eventual governo Bolsonaro já deve ser tratado como mais que provável. Depois de todos os movimentos feitos na primeira semana do segundo turno, os números da corrida presidencial não se modificaram. Logo, é o momento de traçar estratégias para enfrentar o que virá pela frente. 

O perfil que se desenha com a vitória de Bolsonaro é de um primeiro escalão militarizado. Além do próprio Bolsonaro, o eventual ministro da Ciência e Tecnologia, General Alessio, já acenou com a proposta de uma mudança nos livros escolares para que seja contada a “verdade” sobre 1964. 

Outra medida que deve ser tomada por um eventual governo bolsonarista é a colocação de um militar no Ministério ida Defesa. Essa é uma das principais mágoas dos militares com Fernando Henrique Cardoso e Lula. Militares tendo que se reportar a ministros civis é muita humilha na caserna. 

O posto de procurador geral da República também pode a vir ser ocupado por um militar. Os procuradores temem que Bolsonaro, se eleito, não respeite a lista tríplice para a escolha do cargo. 

Além da vitaminada bancada do PSL na câmara, o Centrão, em virtude de sua alta carga fisiológica, deverá se aliar ao eventual governo Bolsonaro. Desenha-se desta forma a estrutura à disposição de Bolsonaro e de seus chefes (um capitão não manda em generais) para implantar a agenda que lhes convém. 

Voltando ao tema da perda de vergonha, não acredito numa política de governo homofóbica. O problema é o respaldo ao horror que vem de cima. Ao se imiscuir da culpa pelo discurso de ódio que levou à morte do Mestre Moa em Salvador, Bolsonaro abre a porta para o inferno da intolerância e joga a chave fora. 

Suásticas pintadas nas paredes são símbolos, o problema é a consequência prática delas. Pessoas agredidas por sua orientação sexual,  perda de direitos como pensão ou obstáculos para adoção por. Asais homoafetivos. Essas são algumas das consequências desta agenda obscurantista. 


Não reconheço este Deus do Bolsonaro, Malafaia, Bispo Macedo e que tais. Que o Deus que eu acredito deixe ao menos suportável o fardo da eventual vitória do lado que prega o medo e o ódio

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