quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Bolsonaro e as trapaças

Há fortes indícios de que houve trapaça na eleição. Se comprovado, a reportagem da Folha de S. Paulo mostrando o disparo de mensagens mentirosas contra o candidato do PT, financiado pela grana de grandes empresas, deixa clara a ilegalidade. 

No entanto, ao fim e ao cabo, a decisão será do TSE. E a instância julgadora das eleições tem mostrado um lado no pleito de 2018. Um exemplo desta postura ficou evidente quando foi permitido a Jair Bolsonaro dar entrevista para a Rede Record no mesmo horário do debate presidencial da Globo. O tribunal permitiu uma ilegalidade, pois rádios e tv  devem ceder o mesmo espaço para os candidatos. Princípio da isonomia. 

Para complicar a situação de Bolsonaro, apenas uma prova “batom na cueca”. Essa seria a única forma fazer alguma pressão no TSE. Se não houver essa prova magna, os ministros vão virar o rosto e lavar as mãos. 

A eleição da mentira e das trapaças está chegando na reta final com mais um ingrediente estarrecedor. O mercado já havia dados sinais de quem preferia, ao fazer subir a bolsa e deixar o dólar baixar logo após o primeiro turno. Neste contexto, o disparo ilegal de mensagens é plausível, pois seria apenas o prolongamento natural desta preferência. 

No entanto, como já disse, é necessária a prova ligando os disparos à candidatura fascista. O eleitor dele está indiferente ao seus crimes de incitamento ao ódio, declarações machistas, fascistas e homofóbicas. Logo, se o caso ficar restrito apenas às suspeitas levantadas pelo jornal, será mais uma acusação de crime, que sem uma ação efetiva da justiça, não causará arranhões a Bolsonaro. 

Os seguidores da “seita bolsonarista” estão convictos de sua opção pelo candidato da extrema direita. E no Brasil, como Sérgio Moro deixa evidente, a justiça não tem nada de cega. O favoritismo do capitão terá muito peso na decisão do TSE sobre o prosseguimento das denúncias. 

Imaginemos as consequências de uma impugnação de Jair Bolsonaro. Os 49 milhões de eleitores do primeiro turno se sentiriam no direito de reclamar da ausência do candidato e promover toda sorte de protestos e distúrbios. A vitória de Bolsonaro como se desenha, será conseguida com “gols de mão” e com “gols impedidos”. Mas vivemos o país onde os fins justificam os meios. Logo, mesmo sabendo das trapaças, os eleitores de Bolsonaro relativizam seus atos. Novamente cito as atitudes do juiz Sérgio Moro para ilustrar minha tese. O vazamento do áudio de Dilma Roussef em 2016 e a revelação de trechos da delação de Palocci exemplificam minha convicção. 

Além de homofóbico, racista, machista e fascista, Bolsonaro desponta como trapaceiro. No entanto, num país dado à hipocrisia, isso não significa nada. A omissa justiça eleitoral tem tudo para descartar as evidências e dormir o sono de Pilatos após a escolha de Barrabás. 


2 comentários:

  1. Perfeito! Visão clara e realista do que vivemos.

    ResponderExcluir
  2. Isso por que seus eleitores bradam que votam nele por ser ele o bastião da moralidade, o probo, aquele que votará ordem na casa... vai pensando!

    ResponderExcluir